Darya Dugina, de 29 anos, morreu ontem à noite na explosão de um carro nos arredores de Moscovo, num atentado que visaria o pai. Alexander Dugin (ver na rubrica Retratos deste jornal) e a filha tinham estado no festival "Tradição" em Zakharovo — em celebração do poeta Alexander Pushkin — e iam regressar a Moscovo no mesmo veículo, mas o pai decidiu no último minuto que viajariam separados.
Darya Dugina destacou-se nos últimos meses como jornalista defensora da invasão russa da Ucrânia. Em maio descrevia a guerra como "um embate de civilizações" e orgulhou-se de estar, desde março como o pai desde 2015, a ser alvo de sanções pelos Estados Unidos e Reino Unido, devido ao seu propalado "contributo contínuo para a desinformação acerca da guerra da Rússia na Ucrânia", segundo a BBC escreveu então.
Alexander Dugin, de 60 anos, é um nacionalista russo e ativo defensor da Igreja Ortodoxa, muito criticado no Ocidente pela sua defesa dum pan-eslavismo que erradicando todas as "culturas religiosa e moralmente desviantes" da Europa estender-se-ia pelo mundo.
É tido como o mentor do presidente Putin a quem — através das suas ideias defendidas desde os anos 1980 (impressas em mais de 30 títulos nos útlimos vinte e cinco anos) — teria influenciado no sonho de reconstituir a Grande Rússia, e mais além.
Em março de 2020, entrevistado no site russo Geopolitica, Dugin disse que quando o coronavírus "chegar ao fim da sua vitoriosa marcha através do planeta" a atual ordem mundial terá chegado ao fim.
Segundo o filósofo, que nas suas palestras utiliza imagens bíblicas para defender a destruição do estilo de vida ocidental, a Covid-19 surgiu para castigar o mundo mas como um apocalipse donde vai surgir um mundo pan-eslavo, religiosa e moralmente ideal.
Os estudiosos do duginismo destacam que o filósofo «propala, sem ser desmentido pelo seu discípulo Putin, a ideia de uma Rússia a liderar o ’Império Euro-Asiático’». De certo modo, retoma a ideologia soviética, sob Lenine e Estaline, de uma revolução mundial que "encaixaria todas as nações na União de Repúblicas Socialistas Soviéticas". O fracasso desse sonho lenine-estalinista teria levado Dugin nos anos 80 a afastar-se do comunismo e a aproximar-se do fascismo.
Fontes: DW.de/BBC. Fotos: Darya Dugina na TV acompanha o pai na defesa da guerra contra a Ucrânia, tal como em 2015 o pai defendeu a anexação da Crimeia. Na manhã de domingo decorre a investigação no local da explosão.
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