terça-feira, 03 dezembro 2024

I INTERNACIONAL

Suspeito de ataque a Salman Rushdie declara-se inocente

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O suspeito do ataque ao escritor britânico Salman Rushdie declarou-se hoje inocente em tribunal depois de ter sido acusado de tentativa de homicídio e agressão, com o procurador a considerar que se tratou de um crime premeditado.

Salman Rushdie, autor da controversa obra "Versículos Satânicos" e alvo de um decreto religioso ("fatwa") pedindo a sua morte emitido há mais de 30 anos pelo Irão, permanece hospitalizado e com ferimentos graves após ter sido esfaqueado na sexta-feira no palco do Chautauqua Institution, um centro cultural situado no estado de Nova Iorque, onde se preparava para discursar.

O suspeito apareceu no tribunal vestido com um macacão preto e branco e uma máscara facial branca e algemado.

As autoridades de Nova Iorque acusaram Hadi Matar de tentativa de homicídio e agressão e o juiz ordenou a sua detenção sem caução.

O procurador Jason Schmidt acusou Matar de ter premeditado e planeado o ataque, nomeadamente obtendo um bilhete de entrada antecipado para o evento em que o autor estava a falar e chegando um dia mais cedo com uma identificação falsa.

"Este foi um ataque dirigido, não provocado, pré-planeado ao Sr. Rushdie", disse Schmidt.

O defensor público Nathaniel Barone queixou-se de que as autoridades tinham demorado demasiado tempo a levar Matar perante um juiz, deixando-o "algemado a um banco na esquadra da polícia estatal".

"Ele tem o direito constitucional de presunção de inocência", disse Barone, depois de ter apresentado a alegação de inocência das acusações.

Matar, de 24 anos, vive no estado vizinho de Nova Jérsia e ainda é desconhecido o motivo que o levou a agredir o escritor britânico, que se encontra ligado a um ventilador, depois de ter sofrido lesões no fígado, nos nervos de um dos braços e num olho.

Salman Rushdie, 75 anos, incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, do livro "Os Versículos Satânicos", levando o fundador da República Islâmica do Irão, ayatollah Rouhollah Khomeini, a emitir uma "fatwa" (decreto religioso) em 1989 pedindo a sua morte

Os investigadores estão ainda a tentar determinar se o agressor, nascido uma década após a publicação do livro, agiu sozinho e o procurador Schmidt aludiu à "fatwa" para justificar o pedido para que não fosse fixada caução.

"Mesmo que este tribunal fixasse uma caução de um milhão de dólares, corremos o risco de a caução poder ser paga", disse Schmidt.

"Os seus recursos não me interessam. A ação executada é algo que foi adotado e é sancionado por grupos e organizações maiores, muito para além das fronteiras jurisdicionais do condado de Chautauqua", disse o procurador. A Semana com Lusa

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