Jovens ativistas de vários países africanos assinaram uma carta aberta aos governos e organizações apelando a uma ação conjunta contra os casamentos de crianças, obrigam sobretudo as raparigas a abandonarem a escola e a arruinarem a sua infância.
"O casamento infantil oferece apenas privação, submissão, violência e servidão. As crianças, e especialmente as raparigas afetadas, abandonam frequentemente a escola, privando-as de futuras oportunidades económicas e de aprendizagem", lê-se na carta, assinada por Dola do Bangladesh, Exildah da Zâmbia, Lamia da Bolívia, Mary do Gana, Tejan da Serra Leoa e Whytiny do Quénia.
Os signatários, com idades entre os 16 e 18 anos e provenientes de África, dizem que se trata de um problema "horrível" que ocorre principalmente naquele continente e, portanto, acreditam que são necessárias medidas para "proteger as crianças", como foi hoje relatado pela Organização Não Governamental (ONG) Visão Mundial.
De acordo com dados fornecidos por esta organização, em 2020 registou-se o maior aumento nas taxas de casamento infantil em 25 anos. Além disso, prevê-se que até 2030 haverá mais 110 milhões de raparigas casadas que "enfrentarão um futuro sombrio de violações recorrentes, abusos e violência doméstica".
"Ninguém tem o direito de arruinar as nossas vidas; os filhos são o presente e o futuro, e o futuro não pode ser garantido dentro de quatro paredes quando uma rapariga se casa", declaram os jovens na carta.
Apelam aos governos para que proíbam todos os casamentos de crianças com menos de 18 anos, em todos os países do mundo.
Exigem também uma proibição do casamento de raparigas com o consentimento parental, porque "isto coloca-as em grande risco, pois em muitas comunidades rurais as pessoas respeitam mais a liderança consuetudinária do que a lei nacional e continuam a casar os seus filhos".
Outras exigências incluem a capacitação de raparigas e rapazes "para serem corajosos e ousarem denunciar casamentos de crianças às autoridades locais" e para deixarem de ver as raparigas como um fardo e o casamento de crianças como uma solução para acabar com a pobreza, porque "ambos não são verdadeiros".
Proporcionar mais e melhor educação às raparigas e mantê-las na escola é outra exigência que os jovens fazem na carta.
"Queremos que os nossos governos controlem e façam cumprir as leis que protegem os direitos das crianças. Acabar com o casamento infantil é o nosso compromisso mais arrojado e devemos concentrar-nos em alcançá-lo o mais rapidamente possível", conclui a carta.
A Semana com Lusa
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