As declarações do presidente francês, Emmanuel Macron — em entrevista ao ’The Economist’ —, já mereceram a mais viva reprovação da sua indefectível parceira na União Europeia, Angela Merkel, contra os "termos radicais". Do lado de Putin, saltam de contentes "com estas palavras em ouro".
Entrevistado na quinta-feira, 7, Macron considerou que a NATO-Organização do Tratado do Atlântico Norte está em "morte cerebral" devido ao descomprometimento dos Estados Unidos, visível na Síria, mas também dada a atitude da Turquia, também país-membro da Aliança Atlântica (outro nome da NATO).
O presidente francês entende ser necessário "clarificar agora [na cimeira da Aliança, a ter lugar em Londres, no próximo mês] quais são as finalidades estratégicas da NATO".
"Não temos nenhuma coordenação de decisão estratégica dos Estados Unidos com os parceiros da NATO e assistimos a uma agressão por parte de um país-membro da Aliança Atlântica, a Turquia — numa zona onde os nossos interesses estão em jogo—, sem qualquer coordenação. Esta situação é um verdadeiro desaire para a NATO ", afirmou Macron, que tem defendido desde o início do seu mandato uma "Europa da Defesa mais musculada".
A chanceler Angela Merkel não demorou a comentar "os termos radicais" do seu indefectível parceiro na União Europeia. Em Berlim, no mesmo dia e tendo a seu lado o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, apelou à serenidade diante da situação descrita por Macron.
"A meu ver, não há necessidade de tal julgamento intempestivo. Mesmo se temos problemas, temos de manter a contenção", declarou a chefe do executivo alemão. Acrescentou ainda sobre o uso de "termos radicais" por Macron que isso "não corresponde à cooperação no seio da NATO".
Na mesma ocasião, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que a organização continua "forte" e destacou que os Estados Unidos e a Europa "trabalham mais juntos hoje do que em décadas passadas".
"Palavras de ouro" e omissão
"Estas são palavras de ouro", reagiu a porta-voz da Diplomacia russa, Maria Zakharova, na página de Facebook do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"São sinceras e refletem o essencial. Uma definição precisa do estado atual da NATO", afirmou Zakharova, sem comentar as críticas duras de Macron que considerou que o modelo de regime vigente na Rússia é "insustentável".
3 causas da "fragilidade da Europa"
O presidente francês na entrevista extensa ao digital inglês diz da sua preocupação perante "a extraordinária fragilidade da Europa", que pode "desaparecer" se não se assumir "como potência no mundo".
A fraqueza da Europa, segundo analisa Macron, tem três causas: o "esquecer-se que é uma comunidade", o "desalinhamento" da política americana face ao projeto europeu, a emergência da potência chinesa "que claramente marginaliza a Europa".
Fontes: The Economist/Le Monde
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