Mulheres cientistas de Cabo Verde queixam-se de falta de referências, de cabo-verdianas que sirvam de inspiração para as jovens que querem seguir carreira científica, contaram à Lusa, a propósito do Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência.
A área das ciências exatas, engenharias e tecnologias é dominada por homens (66,8%) entre os alunos matriculados no ensino superior cabo-verdiano, segundo os mais recentes dados, que remontam a 2018.
No final de 2023, só na área científica das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), havia cerca de 500 alunos do sexo masculino e 200 mulheres.
"A parte mais difícil é não ter muitas referências femininas, principalmente na minha área, que é a da engenharia", disse à Lusa a investigadora Any Pereira.
A engenheira informática, formada em Portugal, acredita que se fosse homem "teria sido tudo mais fácil".
Any Pereira considera a feminilidade como um dos fatores que a ajuda “na excelência profissional: o feminino é mais atento aos detalhes", apontou, classificando-o como um ponto "muito importante" na ciência.
Para a investigadora, é importante reforçar o investimento na educação de meninas e raparigas e mostrar-lhes referências de outras mulheres na ciência, o que pode fazer com que estas consigam ver-se também como cientistas.
"É um trabalho contínuo e de longo prazo. A feminilidade beneficia muito a ciência, porque a mulher consegue focar-se nos detalhes de forma perspicaz. Temos poucas cientistas mulheres, mas as que existem são quase todas excelentes nas suas áreas", acrescentou.
Por seu lado, Sónia Semedo, formada em física, na Praia, cientista e investigadora, sublinhou que as mulheres “trazem um ponto de vista diferente, permitindo maior inclusão e equidade".
No entanto, notou, os homens dedicam-se mais facilmente à investigação em Cabo Verde por terem menos responsabilidades familiares.
Corrine Almeida, bióloga, mãe solteira, relatou à Lusa o esforço para manter a disponibilidade e concentração, considerando a sua tarefa mais difícil, comparando com os homens.
A cientista, que também dá aulas, defende a criação de um estatuto que “concilie ambas as atividades: de docência e de investigação".
O Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, instituído em 2015, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, celebra-se todos os anos a 11 de fevereiro para promover o acesso no feminino à formação e educação na área das ciências.
A Semana com Lusa
10 de Fevereiro de 2024
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments