Um estudo apresentado hoje concluiu que o trabalho infantil afecta 4,2 % das crianças cabo-verdianas entre os 5 e 17 anos, 2,5 % trabalham em condições perigosas, mas grande parte trabalha para os familiares.
O inquérito sobre o Trabalho Infantil (TI) em Cabo Verde, apresentado na cidade da Praia pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), no âmbito do Inquérito Multi-objectivo Contínuo (IMC), foi realizado entre Novembro de 2022 e Janeiro de 2023 com uma amostra aleatória de agregados familiares provenientes de áreas urbanas e rurais, a nível nacional.
Segundo a técnica e responsável pelas estatísticas do mercado de trabalho, Alice Pina, no universo de 117 mil crianças entre os 5 a 17 anos, 50,5 % são rapazes, 49,5 % meninas e 74,4 % estão no meio urbano.
O estudo aponta ainda que grande parte dessas crianças trabalham para o consumo próprio dos agregados familiares, cerca de 9.004 estavam a trabalhar, e dessas, 4.900 crianças, cerca de 4,2 %, estavam no trabalho infantil, e 2.896 trabalham em condições perigosas, o que representa 2,5 %.
No que diz respeito à educação, os dados apontam que 97,3 % das crianças trabalham e estudam ao mesmo e 2,7 % não estavam a frequentar nenhum estabelecimento escolar.
Os dados revelam ainda que os rapazes decidiram abandonar a escola por opção e as meninas por falta de interesse onde a idade média é de 14 anos.
O inquérito analisou ainda as tarefas domésticas/cuidados de pessoas com necessidades especiais, e concluiu que 73.446 crianças fazem este tipo de trabalho, o que representa 62,4 %, dos quais 2.673 dos inquiridos em condições perigosas e uma média de 8:10 horas por semana.
Por outro lado, concluiu-se que meninas fazem mais tarefas domésticas, com 68,9 % em trabalho como lavar a louça, preparar a mesa, limpar a casa ou a garagem.
A responsável explicou que o trabalho infantil é o envolvimento de crianças em trabalho perigoso e de modo geral em tipos de trabalhos a serem eliminados como social e moralmente indesejáveis e trabalho perigoso.
Envolve crianças que trabalham em profissões ou ramo de actividade económica consideradas perigosas, trabalham mais de 44 horas por semana a transportar cargas pesadas em ambiente expostos ao sol.
Em todo o planeta, as crianças continuam a trabalhar, colocando em risco a sua educação e o seu normal desenvolvimento moral, sendo que milhões trabalham em condições que representam grandes perigos para a sua saúde, segurança e bem-estar.
Muitas dessas crianças são traficadas, escravizadas, isoladas no serviço doméstico e/ou traumatizadas e abusadas em decorrência de diferentes explorações sexuais.
O último estudo sobre o trabalho infantil foi realizado em 2012 e, devido a diferenciação da metodologia, não foi possível fazer a comparação, segundo explicou a responsável do INE.
A Semana com Inforpress
07 de janeiro 2024
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