Artistas cabo-verdianos vão pedir ao parlamento para rever a lei do álcool que afastou as marcas de bebidas alcoólicas dos eventos cultuais, disse hoje um promotor.
A afirmação é de Augusto Veiga, diretor-geral do Atlantic Music Expo (AME), a maior feira de música do arquipélago, que este ano vai debater numa das suas conferências os efeitos da lei do álcool nos eventos musicais e culturais.
“Vamos discutir como podemos melhorar a lei, de acordo com a realidade cabo-verdiana, se há hipótese de adaptar, chegar a um consenso de como é que pode ser revista e, a partir das recomendações, vamos tentar conseguir isso através do parlamento”, afirmou à Lusa, na Praia.
Em conferência de imprensa para anunciar a programação do AME, que decorre de 01 a 04 de abril na capital cabo-verdiana, Augusto Veiga disse que a lei “teve um efeito muito grande” no financiamento dos eventos culturais, pelo que acha que é o momento para realizar esse debate “com todos os interessados”.
A Lei do Álcool entrou em vigor em Cabo Verde em 05 de outubro de 2019, e proíbe qualquer forma de publicidade de bebidas alcoólicas.
O diretor-geral do AME disse que, por causa disso, as cervejeiras, que são dos principais financiadores de eventos, deixaram de realizar os seus e de patrocinar a maioria dos dos privados.
“Sentimos os efeitos brutalmente no financiamento de eventos”, lamentou o promotor.
A lei veio apertar o cerco à venda, consumo e promoção de bebidas alcoólicas, com proibição a menores de 18 anos e na via pública, venda ambulante ou em quiosques.
O alcoolismo é um grave problema social e de saúde pública em Cabo Verde.
Um diagnóstico apresentado em setembro de 2019 apontou que o consumo de álcool e drogas estão entre os principais problemas de saúde dos adolescentes cabo-verdianos.
Entre 2002 e 2015, as famílias cabo-verdianas mais do que duplicaram as despesas com bebidas alcoólicas, que representavam 4% do orçamento familiar.
A Semana com Lusa
15 de março 2024
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