Os lucros do grupo estatal Cabo Verde Telecom (CVTelecom) aumentaram 36,5% em 2021, para mais de 2,6 milhões de euros, e pelo terceiro ano consecutivo as vendas voltaram a crescer, apesar da crise provocada pela covid-19.
De acordo com o relatório e contas de 2021 da empresa, a que a Lusa teve hoje acesso, o ano passado voltou a ser de crescimento de vendas, 7,9%, com 4.907 milhões de escudos (45,9 milhões de euros) de receitas consolidadas, influenciado pelo crescimento do teletrabalho e recursos associados, apesar das quebras em setores tradicionais.
“É de se frisar que, com o encerramento [devido à pandemia] dos hotéis, o grupo CVTelecom perdeu cerca de 80% da sua faturação no setor empresarial diretamente ligado ao setor do turismo e afins”, recorda o presidente do conselho de administração, João Domingos Correia, na mensagem que consta do relatório e contas de 2021.
Ainda assim, a operadora, a maior do país e que atua na área das telecomunicações móveis, fixas, de internet e televisão por subscrição, registou um crescimento de 36,5% no resultado líquido – que se soma a 10,5% de crescimento no ano anterior -, para lucros de mais de 284 milhões de escudos (2,66 milhões de euros) em 2021.
Desses lucros, 50% serão distribuídos como dividendos aos acionistas e a outra metade aplicada em reservas.
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, como privados nacionais (13,7%).
O grupo viu o número de clientes de telemóvel crescer 6,5% em 2021, para 396.440, o de utilizadores de Internet móvel aumentar 11,7%, para 264.810, e o de clientes de Internet fixa crescer 19,3%, para 23.982.
“A dinâmica de crescimento dos três últimos anos está ancorada em medidas estruturantes, com particular foco no crescimento sustentável da empresa. Trata-se, pois, de um registo assinalável, considerando o contexto particularmente desafiante, ainda sob forte influência da pandemia da covid-19, que tem provocado uma escalada de preços a nível mundial, bem como enormes dificuldades logísticas relacionadas com os transportes internacionais, impactando negativamente a eficiência operacional, com repercussões negativas na competitividade das empresas”, afirma o presidente do conselho de administração, no documento.
O grupo CVTelecom conta com participações avaliadas em 1.028 milhões de escudos (9,6 milhões de euros) em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel (rede de telecomunicações móveis, 100%), CV Multimédia (televisão por subscrição e Internet, 100%) e a Directel Cabo Verde (Páginas Amarelas, 40%).
A CVTelecom prevê investir mais de 360 milhões de euros nos próximos 20 anos do novo contrato de concessão de comunicações com o Estado cabo-verdiano, assinado em 12 de janeiro último, revelou na altura o presidente do conselho de administração da empresa.
“Não se trata de um contrato para facilitar a vida à operadora CVTelecom, pelo contrário”, afirmou João Domingos Correia, presidente do conselho de administração do grupo de telecomunicações detido pelo Estado, após a assinatura do acordo com o Governo.
Conforme estabelece o decreto-lei 36/2021, de 14 de abril de 2021, que aprovou o novo Contrato de Concessão do Serviço Público de Comunicações Eletrónicas, a CVTelecom terá de pagar anualmente ao Estado pela concessão 41 milhões de escudos (371 mil euros) a “título de renda”.
De acordo com João Domingos Correia, esta renovação da concessão, por 20 anos, que se soma à que estava em vigor de 1996 a 31 de dezembro de 2020, dá “mais responsabilidades à operadora”, num setor “que exige muito investimento”.
Em paralelo, o grupo está em processo de fusão das três empresas de telecomunicações, fixas, móveis, Internet e televisão por subscrição.
O ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, anunciou em outubro de 2019, na conferência internacional que a agência Lusa promoveu na cidade da Praia, que o capital social da CVTelecom seria dispersado em bolsa em 2020, através de convite a empresas estrangeiras.
“No próximo ano seguramente teremos oportunidade de dispersar capital convidando privados com ‘know how’ para acelerar essa dinâmica de construção de um hub tecnológico, é preciso ‘players’ que apostem na inovação, com capital e conhecimento para sairmos do status quo e acompanhar essa dinâmica permanente do setor”, disse o também vice-primeiro-ministro.
Esse plano, devido à pandemia de covid-19, acabou por não avançar. A Semana com Lusa
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