Durante uma palestra promovida esta quarta-feira, 08, pela Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), na Cidade da Praia, sobre “Confrontos na Economia Atual”, o economista, docente Universitário e comentador da economia na Rádio Difusão Portuguesa em África (RDP África) recomenda que países de rendimento baixo e médio como Cabo Verde, devem procurar financiamentos e aproveitar a presente conjuntura para fazer desenvolver a sua economia através da exposição de seus produtos no mercado internacional.
Para Jonvel Gonçalves, o evento aborda o mundo atual que se encontra perante conflitos económicos, não só ao nível das grandes potências, nomeadamente a China e os Estados Unidos da América, mas também acerca das médias potências, sobretudo ao nível de alguns países africanos das mesmas comunidades económicas.
Nesta ótica, o palestrante recomenda que os países desenvolvidos em conflitos e os que não estão envolvidos em conflitos, como Cabo Verde, façam uma boa gestão das atuais mudanças tecnológicas, no sentido de evitarem os “choques externos” e tirarem vantagens para todos.
Por considerar que a teoria neoclássica se encontra ultrapassada, ou seja, não se produz o suficiente de todos os bens para atender, simultaneamente a todas as necessidades, Jonvel é da opinião que hoje há excedentes de tudo à escala mundial. “O que se pode registar são défices deslocalizados que abrangem milhões de pessoas a nível mundial, tendo em conta a má distribuição de produtos e bens às populações. E, como forma de combater e minimizar a situação, este especialista em economia admite que os organismos internacionais, como o Banco Mundial, o FMI, o PNUD, o BAD estão dimensionados para gerir a “velha economia”, tal como ela está, e melhorá-la um “bocadinho” através de mecanismos e meios suficientes.
“Cabo Verde deve conhecer a realidade económica atual e analisar os confrontos da economia mundial para que possa determinar o nível da repercussão das alterações produzidas no quadro político e económico e conhecer os efeitos em termos da segurança. Aliás, os países pequenos como Cabo Verde podem aproveitar essa oportunidade de confrontos económicos entre as grandes potências mundiais e fazer desenvolver a sua economia através da exposição de seus produtos no mercado internacional, caso consiga financiamento para tal”, aconselha.
Já o docente e Presidente do Conselho Científico da Universidade Lusófona de Cabo Verde, José Carlos Gonçalves, considera que o tema da palestra tem muito interesse, não só para os académicos como também para os docentes. “É bom que todos conheçam o peso e os efeitos das duas grandes potências económicas mundiais, nomeadamente a China e os EUA, cujas consequências poderão ser graves para as economias dos países mais pobres, como é o caso de Cabo Verde. Daí, entendermos ser necessário o debate deste tema com o objetivo de alargar os conhecimentos no seio da comunidade académica acerca dos confrontos e a estabilidade da economia ao nível mundial”, conclui.
Sobre a alienação do Liceu “Cónego Jacinto” da Várzea
Questionado sobre a venda do Liceu “Cónego Jacinto” da Várzea, anunciada pelo Governo de Cabo Verde, aos EUA para a construção da embaixada, Jonvel Gonçalves assegura que perante a constituição de um capital à base da venda dos seus próprios bens, o país deverá ter alguma cautela e ponderação, tendo em conta a análise cuidada da contrapartida acordada. “Quando um país vende seus bens, parte do lucro adquirido através da compra deverá ser canalizada para outras actividades económicas para que se possa diversificar a economia, porque caso contrário o país corre sérios riscos e, por conseguinte, o comprador desenvolve a si mesmo e não ao vendedor”, conclui aquele académico.
Celso Lobo
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