O PAICV defendeu hoje, em conferência de imprensa, que não é admissível que o Banco Central ( BCV) continue, durante 7 anos, com capitais próprios negativos. Segundo o partido, nestes anos todos, o Governo tem feito “ouvidos de mercador” e continua a violar a lei, fragilizando a instituição e pondo em causa a autonomia do Banco Central.
“A independência dos bancos centrais é essencial para que possam tomar decisões objetivas e eficazes, protegendo-se de influências políticas de curto prazo. Isso ajuda a promover um ambiente económico previsível e estável, beneficiando tanto investidores quanto consumidores”, justificou.
Para o Secretário-geral do PAICV, no momento em que alguns até já falam de excedente orçamental, ninguém consegue perceber a razão do incumprimento da lei orgânica do Banco de Cabo Verde por parte deste Governo, em não repôr os capitais próprios do banco central desde 2017.
“Sendo o BCV, uma entidade reguladora que supervisiona e controla os rácios prudenciais que os bancos comerciais, devem observar, embora não se sujeitando a eles, não é admissível que continue, durante 7 anos com capitais próprios negativos”, fundamentou Juliao Varela.
Segundo o conferencista, que é também deputado da Nação, acresce-se ainda o facto de em Cabo Verde o Banco Central ser a supervisora de todo o sistema financeiro com responsabilidades bem definidas quanto ao fundo de garantia de depósitos e fundo de garantia automóveis.
Situação financeira negativa
Julião Varela aponta a situação financeira negativa do BCV de 2017 a presente data:
Capitais Próprios do BCV (milhares emEcv) |
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2017 |
- 2 447 849,00 negativos |
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2018 |
- 2 671 266,00 negativos |
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2019 |
- 1.533.473,00 negativos |
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2020 |
- 5 046 474,00 negativos |
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2021 |
- 3 576 606,00 negativos |
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2022 |
- 4 242 581,00 negativos |
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2023 |
- 3 291 960,00 negativos |
Perda de confinaça do BCV e riscos a longo prazo
Varela ressaltou que importa dizer que nessa perspetiva, têm havido debates sobre o tema dos resultados e dos Capitais próprios negativos nos bancos centrais, particularmente centrados nas suas várias consequências importantes, a saber:
- Perda de Confiança que pode minar a confiança do público e dos mercados financeiros na capacidade do banco central de gerir a política monetária e manter a estabilidade financeira.
- Os Bancos Centrais com capitais próprios negativos podem enfrentar dificuldades em realizar operações de mercado aberto e outras atividades essenciais para a política monetária;
- Tem efeitos na Política Monetária, podendo limitar a capacidade do banco central de implementar políticas monetárias expansivas, especialmente em tempos de crise económica;
- Além de Riscos de Longo Prazo: A manutenção de capitais próprios negativos por um longo período pode levar a uma espiral de problemas financeiros e económicos, afetando a estabilidade macroeconómica
Para o deputado, a solidez do banco central é crucial para garantir a estabilidade macroeconómica, pelo seu papel fundamental na manutenção da estabilidade de preços e na supervisão do sistema financeiro.
Autonomia em causa e reposição dos capitais
“A independência dos bancos centrais é essencial para que possam tomar decisões objetivas e eficazes, protegendo-se de influências políticas de curto prazo. Isso ajuda a promover um ambiente económico previsível e estável, beneficiando tanto investidores quanto consumidores”, justificou.
Acrescentou ainda que sendo o Banco de Cabo Verde o guardião do sistema financeiro não se pode tolerar esta desresponsabilização do Governo que, com esta atitude, está a condicionar as ações desta importante instituição que é o Banco Central.
Julião Varela concluiu que, não sendo a primeira vez que o PAICV denuncia esta situação, espera que, num momento em que o Governo faz grande publicidade da melhoria dos indicadores das Finanças publicas, cumpra a sua obrigação de repor os capitais do Banco de Cabo Verde.
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