O sindicato cabo-verdiano da indústria questionou hoje o futuro de 210 trabalhadores da fábrica de processamento de pescado da Atunlo, no Mindelo, ilha de São Vicente.
O complexo de processamento da Atunlo e a fábrica de conservas da Frescomar (atum, melva e cavala), fábricas parceiras no Mindelo, São Vicente, bem como as conservas Sucla, na ilha de São Nicolau, formam o setor conserveiro de Cabo Verde.
"Já nos indicaram que não há dinheiro para continuar a atividade e que a empresa iria fechar as portas”, afirmou hoje à Lusa o presidente do Sindicato de Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil e Serviços (Siacsa), Gilberto Lima.
“Paira a incerteza” sobre o que vai acontecer depois do dia 22 de junho, último dia de 'layoff'.
Em maio, a Atunlo iniciou um processo de falência voluntária em Espanha, onde começou a realizar despedimentos em janeiro.
Em São Vicente, as atividades foram suspensas em fevereiro, com os trabalhadores colocados em 'layoff', a receber metade do salário durante quatro meses.
Os responsáveis pela unidade de São Vicente têm informado o sindicato de que não conseguem estabelecer contacto com a empresa-mãe em Espanha, disse Gilberto Lima, igualmente preocupado com a retirada de máquinas das instalações em Cabo Verde.
O material "pode servir para pagar indemnizações aos trabalhadores", muitos dos quais possuem vínculo efetivo devido à renovação de contratos.
A fábrica de conservas Frescomar, do grupo Ubago, também espanhol e situada a poucos minutos da Atunlo – de onde recebia matéria-prima e de que é sócia –, manifestou interesse em contratar os trabalhadores antes do fim do 'layoff'.
No entanto, Gilberto Lima aconselhou que essa mudança não deve levar os trabalhadores "a despedirem-se", arriscando os seus direitos de antiguidade.
A relação laboral com a Atunlo deve ser clarificada e depois "os trabalhadores são livres" de decidir o seu futuro, acrescentou.
O Siacsa agendou uma concentração para dia 22 em frente à Atunlo e apelou à intervenção do Governo, nomeadamente dos ministérios das Finanças e da Família, para "assumir as rédeas desta empresa provisoriamente" ou assegurar o valor das indemnizações.
A fábrica de processamento de pescado no Mindelo foi inaugurada em 2015, com 51% do capital nas mãos da Atunlo, 33% pertencentes à Frescomar (Ubago) e 16% à Frigrove, todas espanholas.
O objetivo era tornar a Atunlo um “operador de referência na Europa e norte de África” para produtos derivados de atum, com as fábricas de conservas entre os principais clientes do peixe ali processado.
O complexo de processamento da Atunlo e a fábrica de conservas da Frescomar (atum, melva e cavala), fábricas parceiras no Mindelo, São Vicente, bem como as conservas Sucla, na ilha de São Nicolau, formam o setor conserveiro de Cabo Verde.
O peixe enlatado e congelado representam mais de dois terços das exportações de mercadorias de Cabo Verde, dirigidos à União Europeia (UE), sendo Espanha o principal comprador.
Ainda assim, no quadro geral, representam apenas um décimo daquilo que Cabo Verde exporta em serviços: turismo, viagens e atividades associadas são o motor do qual depende quase por inteiro a economia do arquipélago.
A Semana com Lusa
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