Guiné-Bissau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Brasil são os países lusófonos incluídos no relatório do UNICEF sobre nutrição infantil, que aponta situações de pobreza alimentar infantil grave no mundo.
O estudo “Pobreza alimentar: privação nutricional na primeira infância”, divulgado hoje pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), indica que 53% das crianças da Guiné-Bissau vivem em pobreza alimentar grave, sendo a percentagem em Timor-Leste de 30%, em São Tomé e Príncipe de 22% e no Brasil de 8%.
De acordo com o relatório, “a pobreza alimentar grave afeta mais de um quarto das crianças no mundo”, sendo que a Guiné-Bissau apresenta a terceira maior percentagem de crianças em situação de pobreza alimentar infantil elevada em 100 países analisados, a seguir à Guiné-Conacry (54%) e à Somália (63%) e antes do Afeganistão (49%).
O estudo também ressalta “algum progresso marcado pela queda da percentagem de crianças vivendo em pobreza alimentar severa nas regiões da África Ocidental e Central, ao passar de 42% para 32%, na última década”, o que atribui a "culturas diversificadas e incentivos para profissionais de saúde pelo seu desempenho”.
Timor-Leste surge numa condição entre média a elevada com 30%, São Tomé e Príncipe apresenta uma percentagem de 22%, sendo classificada como “média”, e o Brasil tem uma incidência “fraca”, com 8% de pobreza alimentar entre as crianças.
O relatório descreve que “a África é uma das regiões do mundo com mais afetados pelo problema devido a conflitos, mudanças climáticas e alta dos preços da comida”.
“No continente, com mais de 1,3 biliões de habitantes, estão 13 dos 20 países mais afetados pela situação”, sustenta.
O relatório concluiu que “mais de 180 milhões de crianças” nos 100 países analisados correm o risco de sofrer consequências graves para a saúde se não tiverem uma alimentação nutritiva e diversificada.
Um "número chocante" de crianças "sobrevive com uma dieta muito pobre, consumindo produtos de dois ou menos grupos alimentares", disse Harriet Torlesse, uma das autoras do relatório, à agência de notícias France-Presse.
De acordo com as recomendações da Unicef, as crianças pequenas devem consumir diariamente alimentos de pelo menos cinco dos oito grupos alimentares (leite materno, cereais, frutas e legumes ricos em vitamina A, carne ou peixe, ovos, laticínios, leguminosas, outras frutas e legumes).
No entanto, 440 milhões de crianças com menos de 5 anos (ou 66%), a viver em cerca de uma centena de países de baixo e médio rendimento analisados, não têm acesso a estes cinco grupos todos os dias, vivendo assim em situação de “pobreza alimentar”.
E destes, cerca de 181 milhões (27%) consomem, no máximo, alimentos de dois grupos.
Estas “crianças que comem apenas dois grupos de alimentos por dia, por exemplo arroz e um pouco de leite, têm 50% mais probabilidades de sofrer de formas graves de malnutrição”, como definhamento e emaciação extrema, que pode levar à morte, alertou a diretora da Unicef, Catherine Russell, em comunicado.
Esta grave pobreza alimentar concentra-se em 20 países, com situações particularmente preocupantes na Somália (63% das crianças com menos de 5 anos afetadas), na República da Guiné (54%), na Guiné-Bissau (53%) e no Afeganistão (49%).
A nível global, constatando apenas “progressos lentos” nos últimos 10 anos na luta contra a pobreza alimentar, o relatório defendeu a introdução de mecanismos de proteção social e de ajuda humanitária para os mais vulneráveis.
Mas também uma transformação do sistema agroalimentar, responsabilizando as bebidas com elevado teor de açúcar e os pratos industriais ultraprocessados “comercializados de forma agressiva junto das famílias e que se tornaram a norma para a alimentação das crianças”.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments