A presidente do Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade do Género (ICIEG) considerou esta terça-feira que a escolha de um Governo não obriga, mas recomenda que haja uma aplicação do princípio da paridade.
Mariza Carvalho fez essas considerações em declarações à Inforpress a propósito da remodelação do Governo, de onde saem cinco mulheres, designadamente, Edna Oliveira, ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Filomena Gonçalves, ministra da Saúde, Eunice Silva, ministra das Infra-estruturas, Ordenamento do Território e Habitação, Adalgisa Vaz, secretária de Estado do Fomento Empresarial e Eurídice Monteiro, secretária de Estado do Ensino Superior, não tendo entrado nenhuma para o novo elenco governamental.
Entretanto, considerando que a constituição do Governo tem critérios que ultrapassam, “muitas vezes”, o entendimento geral, aquela responsável disse desconhecer como é que as saídas foram feitas e pensadas, embora seja desejável “ver realmente” um governo paritário.
“Nós defendemos a representatividade e a paridade. Não podemos especular sobre os motivos das saídas e entradas. A política pública do Governo é clara relativamente a esta matéria. A questão da representatividade é importante, desejaríamos ver um Governo paritário. É para isso que nós trabalhamos, porque sabemos o quanto é importante ter mulheres em posições de destaque e a competência não tem género”, sublinhou.
Reiterando que a representatividade da paridade é importante nos órgãos decisórios, até para dar o sinal de que o género, a paridade não pode ser mais do que algo que se tem nos documentos, Marisa Carvalho volta a referir que os critérios de escolha do Governo cabem a quem o fez.
“Nós temos estado a trabalhar em vários sectores da sociedade cabo-verdiana para isso e vamos continuar a trabalhar, porque sabemos o quanto é importante ter mulheres em posições de destaque, para que possam ser exemplo e prova de que a competência não tem género”, enfatizou.
Entretanto, segundo a mesma fonte, nesta questão, concretamente, da representação política, um dos “grandes impedimentos” prende-se com o factor tempo, onde 91% das mulheres cabo-verdianas exercem trabalhos mal remunerados o que faz com que haja uma dificuldade em conciliar a vida familiar com a vida profissional, mormente com a vida política.
“Para exercer a política é necessário tempo, e tempo que muitas vezes as mulheres não têm, sequer, para permanecerem no mercado de trabalho. Depois há também uma grande violência, um cargo público é um cargo com uma grande visibilidade e as mulheres são muito mais atacadas que os homens. Isto é um facto e muitas mulheres têm optado por não se exporem”, analisou.
Com esta remodelação, o Governo é composto pelo primeiro-ministro, vice-primeiro-ministro, quinze ministros e cinco secretários de Estado.
A Semana com Inforpress
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