quinta-feira, 06 fevereiro 2025

Fogo: Tradição dos Reinados celebra 172 anos da sua institucionalização graças à resistência de duas confrarias

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A tradição dos reinados na ilha do Fogo, profundamente enraizada na cultura local, comemora este ano os 172 anos da sua institucionalização graças à tenacidade e determinação de duas confrarias.

 

Depois passam estes quatro devotos chamados Reinados a apresentar, e dar conta de tudo quanto receberam em dinheiro, algodão e tabaco com toda a fidelidade, o vigário que toma conta de tudo, recebe o produto das esmolas, o lança em um Livro de Receita e Despesa para dar satisfação ao público, e constar, em que se aplicavam tais rendimentos como tem sido prática seguido há imensos anos”, sublinha a carta.

 

 

A tradição genuinamente foguense foi institucionalizada em 1853 pelo bispo Dom Frei Patrício Xavier de Moura, que definiu 06 de Janeiro e 02 de Fevereiro como datas de saída e regresso, respectivamente. A data da partida vigora ainda hoje e de regresso é variável e acontece na quarta-feira de Cinzas.

Antes da definição das datas, um documento mais antigo sobre Reinado é de 1842 (23 de Dezembro) em que o então bispo eleito de Cabo Verde Dom João Henrique Moniz, residente na ilha da Brava reagia a um pedido do administrador do Concelho do Fogo relacionado com a recusa do Pároco em obedecer uma ordem porque a Irmandade funcionava sem compromisso, Estatutos e Mesa.

A institucionalização ocorreu há quase dois séculos, mas a tradição é bem mais antiga segundo informações ligadas à Igreja Católica.

Uma passagem da carta do Bispo Dom João Henrique Moniz diz que “de remotos tempos a esta parte existem na ilha do Fogo esta devoção chamada dos Reinados, que consiste em sair todos os anos em época determinada ao peditório, quatro eleitos escolhido, e fiéis; com quatro painéis de santos da maior devoção daquele povo, precedendo missa cantada”.

Na carta lê-se que “esses dirigem-se não a todas as casas indistintamente, mas sim àquelas que têm por costume antigo recebê-los, e nelas se demoram a fazer jus a sua esmola mais avultada e depois de percorrerem as casas do costume, voltam à igreja, e são recebidos com decência, cantando outra missa”.

Depois passam estes quatro devotos chamados Reinados a apresentar, e dar conta de tudo quanto receberam em dinheiro, algodão e tabaco com toda a fidelidade, o vigário que toma conta de tudo, recebe o produto das esmolas, o lança em um Livro de Receita e Despesa para dar satisfação ao público, e constar, em que se aplicavam tais rendimentos como tem sido prática seguido há imensos anos”, sublinha a carta.

Da leitura destes documentos se depreende de que o reinado é uma das tradições culturais mais antigas da ilha e está ligado à Igreja Católica, que noutros tempos, cedia a imagem dos Santos que no final era devolvida. Tinham regras rígidas e seguiam itinerários definidos com começo na Igreja Matriz.

Admite-se que o reinado esteja ligado às comemorações da festa dos Reis em Portugal (06 de Janeiro) ou a “Reisado”, denominação erudita atribuída aos grupos que cantavam e dançavam na véspera e dia dos Reis em Portugal.

O reinado era constituído por grupos de homens (três ou mais), católicos e praticantes, que andavam por toda a ilha, durante três luas, a rezar terços e pedindo ajuda a favor da Igreja. Algumas pessoas acreditavam que o objectivo maior era o da evangelização e por isso todos os integrantes teriam de ser católicos, baptizados/crismados, casados e escolhidos pelo padre.

No seu auge um total de 24 confrarias de reinados constituídos por um “rei” que dirige e controla tudo, um rei interino, um tesoureiro e um ou mais participantes, percorriam a ilha de lés a lés com partida na Igreja Matriz de São Filipe após a celebração de uma missa.

O terço e “ladainha” na maioria das vezes era rezado em latim e além da imagem do (a) Santo (a), o reinado, dispõe de um pequeno tambor para anunciar a sua chegada, um sino e o rosário, utilizados durante o terço.

A tradição tem enfraquecido devido à idade avançada dos participantes (reis e devotos) e só à resistência e firmeza de alguns o reinado continua ainda vivo.

Este ano, o rei José António Freire de Andrade, conhecido como Alfredinho, acompanhado do seu filho, e a dupla Nené di Bebeto e Lourenço, vão fazer o percurso, ambos com a imagem de Nossa Senhora da Graça, em um itinerário que preserva a essência dessa celebração secular para mantê-la viva.

 

A Semana com Inforpress

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Colunistas

Opiniões e Feedback

Elisa Bettencourt
5 days 15 hours

uma jovem que não tinha necessidade de frete politico, mas pronto é essa a geração que só sabe andar de boleia de camelo

Lucas Rincon
7 days 11 hours

Há muito tempo que os técnicos recomendaram "vestir" esses troços perigosos com redes metálicas.

Dje d Soncent
19 days 7 hours

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