A maioria dos imigrantes em Cabo Verde faz uma avaliação positiva do país, mas os africanos têm piores condições, conforme um estudo sobre a participação da imigração no mercado de trabalho, apresentado hoje na Praia.
Na avaliação global sobre acesso e inserção no mercado de trabalho, 54,4% dos imigrantes disseram estar "extremamente satisfeitos", sobretudo "homens, europeus (70,4%), americanos (68,3%) e chineses (66%)", enquanto "somente metade dos africanos está satisfeita (50,3%)".
"Percebemos, por um lado, uma avaliação bastante positiva dos imigrantes, [sobretudo] dos trabalhadores por conta própria, mas percebe-se que os europeus, os americanos e os asiáticos têm uma posição melhor que os africanos", afirmou a presidente da Alta Autoridade para a Imigração (AAI), Carmem Barros.
O estudo, baseado num inquérito a 902 pessoas, mostra que os imigrantes oriundos de África recebem salários mais baixos (em média, 34.566 escudos (312 euros) face a 88.259 escudos (798 euros) entre imigrantes europeus, com o melhor valor médio, têm menor cobertura da segurança social e têm "menor conhecimento dos mecanismos de implementação de empresas na modalidade de contabilidade organizada", lê-se no documento.
Do total de inquiridos, houve 51,9% que relataram "dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, sobretudo africanos (61,1%) e mulheres (54,3%)".
Na avaliação global sobre acesso e inserção no mercado de trabalho, 54,4% dos imigrantes disseram estar "extremamente satisfeitos", sobretudo "homens, europeus (70,4%), americanos (68,3%) e chineses (66%)", enquanto "somente metade dos africanos está satisfeita (50,3%)".
O grau de satisfação "aumenta com a idade e nível de instrução", com os trabalhadores por conta de outrem mais contentes (60,9%) que os trabalhadores por conta própria (52,4%).
Os dados foram divulgados à margem da 14.ª reunião ordinária do Conselho Nacional da Imigração, que contou com a participação de representantes de diversas instituições públicas e privadas ligadas à imigração para discutir e avaliar as políticas migratórias do país.
O estudo, realizado entre maio e junho, abrangeu 902 imigrantes em cinco concelhos, entre os quais 83,3% declarou estar em situação regular.
A maioria dos inquiridos é masculina (68%) e as principais razões para a imigração incluem a busca por melhores condições de vida (47,4%) e oportunidades de emprego (43,2%).
O estudo estima que os imigrantes deram uma contribuição de 4,2% para o Produto Interno Bruto (PIB).
O ministro de Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, que presidiu à abertura do evento, destacou que a criação da AAI "deu centralidade às políticas de imigração" e permitiu ao país iniciar um "olhar crítico" sobre as políticas migratórias.
Elísio Freire reforçou ainda a necessidade de dignidade no tratamento dos imigrantes, inclusive quando ocorrem processos de repatriamento.
A Semana com Lusa
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