Por: Matilde Segredo
Vêm aí os Jogos Olímpicos e volto a discutir no meu círculo, como já faço há um quarto de século, a questão que me atazana desde que falhei o certificado de natação: É verdade que a natação como disciplina de alta competição não é uma vantagem para nós antropossomaticamente africanos?
A teoria da desvantagem dos corpos africanos para a natação foi-me sugerida por um próximo que estudou na Faculdade de Motricidade Humana de prestigiada universidade pública dum país europeu. Fui aos livros.
Inato, adquirido
A teoria da menor aptidão baseia-se na genética: a densidade óssea menor faz com que o corpo seja menos flututante.
Ao contrário, os atletas negros são melhores no atletismo porque dotados de músculos de contração lenta, que permitem proezas de longa duração, como corrida em distância, enquanto os músculos de contração rápida cansam mais rapidamente, mas são usados em rajadas poderosas de movimentos como correr.
É preciso haver base e alargá-la para chegar à estreita cimeira
O meu interlocutor que é professor de ginástica tem outra teoria baseada antes de mais na observação: como havia poucos a praticar a natação, é claro que não havia a base necessária para fazer atletas de alta competição.
Além disso, diz-me M.M., a natação em piscina é uma modalidade dispendiosa, de acesso limitado aos happy few nos países do primeiro-mundo. Mas o acesso restrito não se limita à natação. Também não há campeões de origem africana no hóquei, nos desportos de inverno…No ténis, as manas Williams são uma exceção, graças ao grande montante em dedicação, tempo e dinheiro que desde cedo os pais lhes disponibilizaram.
Um por cento é inato e 99% vêm dos treinos. É preciso suar muito para ser inato génio, afinal. No desporto como no resto.
Fotos: Manos Pina: Latroya, Troy e Layla – dois deles vão aos Jogos Olímpicos em representação de Cabo Verde. Érika Soares.
Terms & Conditions
Report
My comments