O Presidente da República disse hoje que o programa do Colóquio Centenário de Amílcar Cabral revela a intencionalidade de valorizar a obra legada por Cabral, que foi um africano com iluminação suficiente para assumir a razão crítica do colonialismo.
José Maria Neves teceu estas considerações ao presidir à abertura do Colóquio Centenário de Amílcar Cabral, que decorre na ilha do Sal até quarta-feira, 12 de Junho.
Para o chefe de Estado, “esta intencionalidade de, perante o tempo, ou mesmo a temporalidade, olhar Cabral sob o prisma do presente e do futuro, com novas colocações e outros recortes, é uma ousadia cidadã positiva”.
Conforme frisou, os tempos muito difíceis e complexos de hoje, marcados por múltiplas crises, as guerras geopolíticas, a emergência climática, as migrações, “exigem capacidade de aprendizagem e inteligência adaptativa e assim como Cabral, apelar ao diálogo e à solução negociada”.
“Com Cabral aprendemos a lutar pela paz, pela liberdade, pela possibilidade de escolhermos o nosso destino com as nossas próprias mãos”, sublinhou.
Para José Maria Neves, “estar no Sal, ilha que aporta o maior aeroporto internacional de Cabo Verde, levando o nome de Amílcar Cabral e oficiar este momento com todos é uma glória” que coincide com efeméride que também comemora o quinto centenário do nascimento do poeta Luís Vaz de Camões.
Para o presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, presente também no acto, o “pensamento político de Amílcar Cabral mantém-se actual e é contemporâneo”, pelo que considerou que esta iniciativa ganha especial “textura e importância” ao acontecer em pleno ano da celebração do seu centenário natalício.
“Mais que uma simples contribuição para perpetuar o seu legado na nossa memória colectiva, esta é também o renovar do nosso compromisso com a actualização permanente do seu pensamento político e, subsequente, aproveitamento da melhoria das condições de vida dos povos cuja causa viveu, trabalhou e morreu”, sublinhou.
Segundo Pereira, é "preciso respeitar as vozes que se erguem para reprovar que Cabral perdeu a actualidade, que apontam fracasso à sua ideologia na concepção do princípio da unidade Guiné - Cabo Verde e pela avaliação que fazem dos percursos díspares dos seus respectivos povos”.
Quanto à questão da unidade, continuou, “considera que o evento da independência, consubstanciada na autodeterminação dos respectivos povos, responde a todas essas alegações”.
Por seu turno, Madalena Neves, em representação da Fundação Amílcar Cabral, evidenciou que o colóquio enquadra-se no “espírito que se pretende imprimir à celebração do Centenário”, com iniciativas de todos os quadrantes.
“Ao celebrar o centenário de Amílcar Cabral, a Fundação coloca a questão, o que celebramos? Apenas um aniversário ou estaremos a celebrar algo mais, transcendental?”, questionou.
“O tempo, aqui para com esta figura ímpar da nossa história, constitui o momento próprio para honrar a sua memória enquanto referência nacional e de inegável projecção histórica universal”, continuou.
Madalena Neves sublinhou que é também um compromisso de Cabo Verde, “por forma a permitir reforçar a visibilidade e o prestígio de Cabo Verde no mundo, ao revisitar e enfatizar a contribuição que Amílcar Cabral legou não só a Cabo Verde, à Guiné-Bissau e à África, mas também à humanidade”, concluiu.
A Semana com Inforpress
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