terça-feira, 20 maio 2025

PR cabo-verdiano recebe mãe que transformou morte da filha numa causa cívica

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O Presidente cabo-verdiano recebeu esta quinta-feira uma mãe cabo-verdiana que apontou falhas aos serviços de saúde, uma semana depois de relatar como perdeu a filha, de um ano, considerando que o caso reflete “uma realidade que exige reflexão profunda”.

 

A criança acabou por ser transferida para o Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN), na cidade da Praia, após uma "burocracia terrível", sem acompanhamento médico adequado.Na chegada à capital, foram os últimos a sair do avião, após cerca de 20 minutos de espera."Passou toda a madrugada com febre alta e não tivemos qualquer acompanhamento médico, porque as enfermeiras acharam que não era preciso", contou Cleonice, e a filha acabou por falecer no dia 04 de novembro.

"Nós estamos a apelar ao Presidente da República para que se junte ao povo da ilha do Maio, para que haja uma saúde mais igualitária. Se algumas ilhas têm direito a especialidades, a um sistema de evacuação [transferência de doentes] que funcione, a cuidados médicos mais eficazes, a nossa [ilha] também precisa", afirmou Cleonice Lopes.

A cidadã falou aos jornalistas após ser recebida em audiência pelo chefe de Estado, José Maria Neves, uma semana depois de lhe ter dirigido uma carta aberta, apontando fragilidades e apelando a uma melhoria das condições no setor da saúde.

Segundo relatou, a 02 de novembro de 2024, levou a filha de um ano ao hospital da ilha do Maio, com cólicas e vómitos.

"No primeiro momento, foi atendida e mandada para casa, sem exames, nem nada. Depois piorou, voltámos ao hospital e não fizeram mais nada", relatou.

Durante a noite, o estado da criança agravou-se, foi novamente ao hospital, onde não havia reagentes, nem especialistas para realizar análises, porque o único analista estava de folga e não havia substituto.

A criança acabou por ser transferida para o Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN), na cidade da Praia, após uma "burocracia terrível", sem acompanhamento médico adequado.

Na chegada à capital, foram os últimos a sair do avião, após cerca de 20 minutos de espera.

"Passou toda a madrugada com febre alta e não tivemos qualquer acompanhamento médico, porque as enfermeiras acharam que não era preciso", contou Cleonice, e a filha acabou por falecer no dia 04 de novembro.

A causa da morte, segundo o atestado de óbito, foi desidratação profunda.

A mãe disse que não levou o caso à justiça, porque “isso não traz” a filha “de volta", mas quer transformar a dor "numa causa cívica", para evitar que outras famílias passem pelo mesmo.

Além da carta aberta ao Presidente da República, que conduziu à audiência de hoje, está a mobilizar a população da ilha para um abaixo-assinado a exigir um sistema de saúde mais justo e eficaz.

Segundo referiu, o chefe de Estado reiterou-lhe o compromisso de agir e apoiar a causa, que considera um direito básico dos cidadãos.

No Facebook, José Maria Neves disse que tem acompanhado com atenção as preocupações expressas por Cleonice, "que refletem a realidade vivida por muitos cabo-verdianos, em contextos semelhantes".

"A escassez de especialidades médicas na ilha do Maio, bem como os constrangimentos associados ao transporte e às evacuações [transferências] médicas, têm limitado significativamente o acesso efetivo a cuidados de saúde adequados e atempados. Trata-se de uma realidade que exige reflexão profunda e ação coordenada, em nome do princípio da equidade e da igualdade", escreveu.

Há dez dias, mães que perderam bebés prematuros no principal hospital de Cabo Verde queixaram-se à Lusa de continuar sem respostas, criticando o silêncio das autoridades e a falta de apoio emocional, cerca de dois meses após as mortes.

O Governo reativou, em 07 de abril, a Comissão Nacional de Vigilância e Resposta a Óbito Materno, para investigar mortes maternas e perinatais e propor melhorias no sistema de saúde.

A Semana com Lusa

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