quarta-feira, 12 março 2025

São Vicente/Carnaval: Dança e energia dos mandingas contagia ruas de Mindelo

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Os Mandingas, fenómeno que segundo investigadores surgiu no Mindelo em 1940 inspirado nos Bijagós, tomaram este domingo as ruas de Mindelo com foliões, jovens e menos jovens, nacionais e estrangeiros no seu último “ritual” antes do Carnaval.

 

Segundo o falecido investigador cabo-verdiano Moacyr Rodrigues, a manifestação cultural dos mandingas chegou a Cabo Verde em 1940. Nessa altura, explicou, uma comitiva de bailarinos, vindos do arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, desembarcou no Porto Grande na ilha de São Vicente, durante uma viagem que os levaria a Portugal.

Em época de Carnaval, na ilha de São Vicente, domingo é dia dos Mandingas e, para cumprir a tradição, os Mandingas de Fernando Pó tiveram a responsabilidade de abrir o desfile de animação, que contou com outros grupos espontâneos de várias zonas de São Vicente.

Mas, a maior vibração foi protagonizada pelos Mandingas de Ribeira Bote, grupo oriundo do bairro do mesmo nome, onde o pulsar do Carnaval bate com intensidade.

Os preparativos começaram às 14:00 num terreno de terra batida e cercado a chapa, na ilha da Madeira, onde o grupo fez os seus estaleiros. A azáfama dos preparativos, sob olhares curiosos de fotógrafos, turistas, imigrantes e pessoas das outras ilhas, que pela primeira vez pisaram o reduto dos mandingas, contrastava com o espaço exíguo para acolher tanta gente.

Uns vestiam as saias de sisal e saiam para a rua, para colocar os adereços como bijuterias, caricas, lanças, brincos e chifres e davam lugar a outro grupo que se pintava de tinta preta misturada a óleo alimentar, após improvisar utensílios como latas, frigideiras, panelas, baldes para fazer a fusão do material. Tudo acontecia num espírito de interajuda e irmandade.

Com tudo a postos, ouviu-se os gritos de guerra, que se alteravam com o repique dos tambores, sorrisos largos, danças tribais e improvisadas numa demonstração de tradição africana e da festa do Carnaval.

Saíram em direcção às ruas da morada (centro da cidade do Mindelo) e à medida que desfilava a multidão ia engrossando a cada rua, tornando-a difícil de quantificar.

Entre a multidão estava a emigrante cabo-verdiana residente nos Estados Unidos Rosa Rocha, de 72 anos, conhecida em São Vicente por Rosa TACV. A foliã viaja todos os anos para São Vicente para desfilar nos Mandingas de Ribeira Bote.

“Vestia nos mandingas quando era criança, altura em que tinha Dunga Mandinga (um dos impulsionadores do desfile dos mandingas). Tinha medo dele e ao mesmo tempo o respeitava e admirava”, disse a septuagenária reforçando que cumpre esta tradição para “matar a fome do Carnaval”.

Essa vibração também contagiou Josiane Ferreira, que vive na cidade da Praia e que desfila desde 2017 nos mandingas, após receber um convite de uma amiga.

“Venho da cidade da Praia para sair nos Mandingas. É muito melhor do que sair nos grupos oficiais, porque já desfilei nos grupos. É uma sensação única”, contou a praiense, opinião também corroborada por Naty Antunes, que, apesar de morar na zona de Alto Miramar, tem uma forte ligação com os Mandingas da Ribeira Bote.

“O que me chamou foi a vibração, a forma como somos tratados e a segurança que nos dão lá dentro no desfile. Eu prefiro sair nos mandingas do que ver o desfile”, contou.

Para o presidente do grupo de Mandingas de Ribeira Bote, Nilton Rodrigues, o objectivo do desfile é levar alegria para as ruas do Mindelo e deixar uma energia positiva para os grupos oficiais do Carnaval.

“Hoje é um dia especial. É aquele dia que temos que levar toda a energia que temos connosco porque temos muitos emigrantes, turistas e pessoas das outras ilhas a participar e também porque estamos em véspera do Carnaval”, afirmou Nilton Rodrigues, deslizando a sua saia de sisal em ziguezague enquanto entrava no meio da multidão para continuar o baile.

Segundo o falecido investigador cabo-verdiano Moacyr Rodrigues, a manifestação cultural dos mandingas chegou a Cabo Verde em 1940. Nessa altura, explicou, uma comitiva de bailarinos, vindos do arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, desembarcou no Porto Grande na ilha de São Vicente, durante uma viagem que os levaria a Portugal.

Conforme Moacyr Rodrigues, após chegarem no Mindelo a comitiva terá dado um espectáculo na zona da Salina (actualmente Praça Estrela) que terá causado um grande impacto nos mindelenses, que, por serem habitantes de uma cidade-porto, estão sempre ávidos por novidades.

Segundo o investigador, logo no Carnaval seguinte, os mindelenses decidiram vestir-se a imitar esses bailarinos e as suas danças africanas e esta particularidade caiu no gosto dos mindelenses que a cada ano agrega uma inovação aos mandingas, tornando-o no fenómeno cultural que é hoje.

 

A Semana com Inforpress

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