O Papa Francisco celebra na quinta-feira, 12 anos de pontificado internado na clínica Agostinho Gemelli, um exemplo dos problemas de saúde que afetaram a sua liderança, focada na atualização da Igreja Católica e nos mais carenciados.
Francisco está internado desde 14 de fevereiro com uma pneumonia e os últimos anos têm sido marcados pela sua própria fragilidade física.
Sucedendo a Bento XVI, o primeiro Papa que renunciou em 600 anos, Francisco foi eleito depois de ter discursado na Congregação dos Cardeais, que antecede o conclave, uma intervenção que, segundo muitos analistas, motivou a sua eleição.
"A Igreja está chamada a sair de si mesma e ir às periferias, não só às geográficas, mas também às periferias existenciais", disse o então cardeal de Buenos Aires, considerando que se a instituição "não sai de si mesma para evangelizar, torna-se autorreferencial e então adoece".
Desde que assumiu a liderança da Igreja Católica, Francisco procurou ser um exemplo pessoal do discurso de humildade e de defesa dos mais desfavorecidos, ao recusar luxos tradicionais associados à figura papal.
O combate aos abusos sexuais foi assumido como uma das batalhas, levando-o a convocar uma cimeira no Vaticano em fevereiro de 2019, para "dar diretrizes uniformes para a igreja", prometendo que "não se cansará de fazer tudo o que for necessário" para levar à justiça quem quer que tenha cometido algum tipo de delito.
Dois anos depois da eleição, com a encíclica "Laudato Si" (Louvado Sejas), o Papa argentino assumiu uma das suas grandes causas: que os países ricos devem sacrificar algum do seu crescimento e libertar recursos necessários para os países mais pobres.
Cinco anos depois, numa nova encíclica papal, "Fratelli Tutti" (Todos Irmãos), dedicada à fraternidade e amizade social, Francisco criticou o reacendimento de populismos, racismo e discursos de ódio, lamentando a perda de "sentido social" e o retrocesso histórico do mundo.
Sobre o racismo, Francisco disse ser um "vírus que muda facilmente" e "está sempre à espreita", em "formas de nacionalismo fechado e violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos".
A sua última encíclica, "Dilexit nos" (Ele amou-nos), publicada em 24 de outubro de 2024, faz críticas ao que considera ser um mundo preso no consumo e violência.
"Hoje tudo se compra e se paga, e parece que o próprio sentido da dignidade depende das coisas que se podem obter com o poder do dinheiro", escreve o Papa.
Em dezembro de 2023, foi publicada a declaração "Fiducia supplicans" (Suplicando a Confiança), pela Doutrina da Fé, que aborda as chamadas "relações irregulares", vínculos monogâmicos de pessoas que não casaram pela Igreja.
Os padres passaram a ter permissão de realizar bênçãos a casais do mesmo sexo, mas também casais do sexo oposto que ainda não são casados, sem que isso signifique que as relações passem a ser abençoadas.
Esta decisão foi criticada por conservadores por ser demasiado liberal e por progressistas por não promover mudanças relevantes, gerando uma das polémicas que mostram a atualização imposta por Francisco, num compromisso que não coloca em causa a doutrina.
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