quarta-feira, 05 fevereiro 2025

Movimento de jovens moçambicanos apoiou quase 500 famílias de vítimas de violência pós-eleitoral

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O movimento voluntário designado “Geração 18 de março” assistiu perto 500 famílias de vítimas da violência durante três meses de manifestações pós-eleitorais em Moçambique, acompanhando, com o apoio da Ordem dos Advogados, perto de 3.200 pessoas detidas.

“É uma geração [de ativistas] que sabe o que é sentir na pele as consequências da repressão”, explica à Lusa a ativista moçambicana Quitéria Guirengane, entre as líderes do movimento que, desde 2023, assumiu o objetivo de “dar corpo à luta em prol das liberdades” em Moçambique.

Na manhã de 18 de março de 2023, um sábado, agentes da polícia moçambicana alegaram ter "ordens superiores", nunca esclarecidas, para dispersar, com balas de borracha e gás lacrimogéneo, grupos de jovens que pretendiam realizar marchas pacíficas, anunciadas às autoridades municipais, em vários pontos do país em homenagem ao ‘rapper’ de intervenção social Azagaia, que morreu por doença uma semana antes,consternando milhares de fãs, sobretudo jovens, em Moçambique e em toda a lusofonia, onde seu nome já era conhecido.

A repressão policial, que ocorreu sobretudo em Maputo, deixou detidos e vários feridos, tendo posteriormente os organizadores das marchas submetido recursos às autoridades nacionais e estrangeiras para responsabilização face ao que classificam como força desproporcionada exercida por aquela corporação.

O episódio levou à criação da designada “Geração 18 de Março”, um movimento voluntário de jovens que se destacou nos últimos meses na assistência hospitalar, judicial e social às vítimas dos confrontos entre a polícia e manifestantes que rejeitam os resultados das eleições de 09 de outubro do ano passado.

A rede, que inclui pouco mais de 20 ativistas voluntários, funcionou como uma central para as denúncias de casos que ocorreram durante as manifestações, sobretudo nas redes sociais, num trabalho apoiado financeiramente por pessoas anónimas e que é realizado em coordenação com organizações da sociedade civil, além da Ordem dos Advogados, que assistiu parte considerável das 3.200 detenções registadas durante o período.

“Nós percebemos que era importante criar uma estrutura de resposta rápida, ainda que, como geração, não sejamos um movimento formalizado (…) Isso permitiu que pudéssemos apoiar a aquisição de medicamentos, muletas, procedimentos de remoção de balas”, acrescentou a ativista moçambicana.

As queixas sobre alegadas perseguições aos manifestantes em diferentes pontos do país obrigaram o movimento a estabelecer também uma “rede invisível” de profissionais de saúde que estivessem dispostos a ajudar.

“Considerando que nós estamos a operar não só numa situação de crise humanitária gravosa, mas também até de segurança em que algumas pessoas baleadas têm medo de ir aos hospitais, isto implicava também ter esta rede invisível de profissionais de saúde”, explicou.

Inspirados pelas ideias de Azagaia, músico que ficou célebre pela crítica aberta à governação em Moçambique, a promessa deste grupo de ativistas é manter as linhas de denúncias abertas, mesmo numa altura em que, pelo menos para os próximos três meses, a esperança de uma paz prolongada toma o país que viveu dias de caos nas últimas semanas.  

Mais de 300 pessoas morreram e acima de 600 foram baleadas nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro em Moçambique, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane – que não reconhece os resultados, alegando “fraude eleitoral” -, os quais degeneraram em violência e destruição de infraestruturas públicas e privadas.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

Na semana passada, Mondlane exigiu 25 medidas às autoridades moçambicanas para os próximos três meses, ameaçando retomar manifestações e protestos nas ruas “de forma mais intensa”, caso não sejam implementadas.

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

Elisa Bettencourt
5 days 12 hours

uma jovem que não tinha necessidade de frete politico, mas pronto é essa a geração que só sabe andar de boleia de camelo

Lucas Rincon
7 days 8 hours

Há muito tempo que os técnicos recomendaram "vestir" esses troços perigosos com redes metálicas.

Dje d Soncent
19 days 4 hours

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