Já vai no quarto dia e, depois de se ter dito estava tudo controlado, parece que não é bem assim.
Aquilo que começou como uma aparente incursão como já se tinha visto antes transformou-se numa grande dor de cabeça para o Kremlin e para Vladimir Putin, cujo governo já foi obrigado a declarar estado de emergência federal para a região de Kursk, onde os ucranianos já penetraram cerca de 35 quilómetros.
Se ao início Moscovo falava em apenas 300 soldados que tinham sido facilmente repelidos na quarta-feira, neste momento a situação é claramente diferente: milhares de pessoas foram retiradas e há ainda uma outra região em estado de emergência regional. Uma base aérea localizada em Lipetsk foi atingida e pelo menos quatro localidades envolventes foram evacuadas, obrigando o governador a declarar a emergência.
Uma ofensiva inesperada que já vai no quarto dia, e da qual ainda não é possível perceber o real objetivo, mas que está a causar um embaraço claro no Kremlin, que vê uma operação no seu próprio território como não via há décadas.
Um conselheiro do governo ucraniano já deu umas luzes sobre o que poderá querer Kiev: enfraquecer as tropas russas no seu próprio território para ganhar uma vantagem em eventuais negociações futuras com Moscovo.
A operação já não se faz apenas de uma brigada mecanizada equipada de tanques e carros de combate. Também os drones utilizados pela Ucrânia estão a sobrevoar a Rússia – foi um desses aparelhos que atingiu a base de Lipetsk –, dando uma outra dimensão ao que se está a passar.
Esse ataque a Lipetsk, num local a mais de 300 quilómetros da fronteira entre os dois países, foi realizado pelos serviços secretos, confirmou uma fonte militar ao Financial Times. O objetivo era “destruir logísticas de aviação da Rússia para que o inimigo não tenha a oportunidade para bombardear as cidades ucranianas com mísseis anti-caças”. Isto numa altura em que a Ucrânia já começou a utilizar os F-16 enviados pelo Ocidente.
No local estavam também vários armazéns com munições, sendo que vários vídeos partilhados nas redes sociais e que já foram verificados mostram grandes explosões no local durante a madrugada. De acordo com o exército ucraniano, pelo menos 700 bombas planadoras foram destruídas ou danificadas, sendo que no local estavam também dezenas de caças Su-34, Su-35 ou MiG-31.
Para se perceber bem como o ataque vai bem para lá de Kursk, ainda antes da base aérea de Lipetsk a Ucrânia atingiu uma base militar em Morozovsk, na região de Rostov. Ali estavam vários dispositivos de míssesis anti-caças ou caças russos.
Para já, e a confiar nas informações dos analistas militares e até de alguns bloggers russos, a Rússia já terá perdido cerca de 350 quilómetros quadrados em Kursk, onde o governador Alexei Smirnov admite que a situação está “difícil”.
A Semana com CNN Portugal
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