O primeiro aerogerador instalado em Cabo Verde, na década de 70/80 do século passado, aconteceu, na Ilha do Sal, Santa Maria, através do Hotel Morabeza, com uma unidade da marca VESTAS, de 50 kW de potência, onde antes foi instalado o primeiro dessalinizador de água do mar, com a produção, por intermédio da energia renovável (solar), que não parou por aí, porque houve outro experimento, com o aquecimento de água para abastecer o Hotel com água quente, através de um sistema solar (parabólica), que não teve muito sucesso, porque o material usado não resistiu a quantidade de calor convergido e derretia.
Por Efrem Soares
A PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL EÓLICA teve o seu início, na ELECTRA, em 1994, já com a montagem de dois aerogeradores da companhia DINAMARQUESA NORTANK de 300 kW cada, nas Ilhas do Sal, três em Santiago e em S. Vicente, assim como a criação da empresa única em 1982, com a junção das empresas das referidas ilhas.
Infelizmente, apesar do sucesso do funcionamento dos mesmos e embora estivesse comprovada a viabilidade do projeto renovável, o nosso espanto é que a Empresa viria a ser colocada de lado, com investimentos, fora da companhia, que serviu de cobaia para colher informações da viabilidade na penetração de energia do vento em redes de distribuição relativamente pequenas, com a demanda e estabilidade que permitem maior penetração.
Com benefícios para a economia de Cabo Verde, na diminuição do consumo de combustível de derivados fósseis que, na sequência, minimizaria o esforço nos bolsos dos cabo-verdianos decorrente da redução das tarifas de eletricidade e água, bem como a diminuição de libertação para o ambiente de toneladas de CO2 diariamente, como sendo esta a intenção, na altura, assim badalada aos quatro ventos.
Para o nosso espanto, na prática, viria a acontecer completamente o contrário, com a entrada em funcionamento do maior Parque Eólico do País, fora daquela que podia ser a tutora, por ter sido a anfitriã da experiência e pelos objetivos que o processo prosseguia.
Como se isso não bastasse, foi viabilizado o PCA da referida empresa na altura para firmar o contrato da recém-nascida empresa, garantindo-lhe o amortecimento do financiamento do projeto, aplicando a modalidade do “take or pay” à empresa, que possui o monopólio de produção de energia e água em Cabo Verde, para de seguida passar a ser PCA da recém-nascida empresa produtora de energia eólica, ação incomum em qualquer parte do mundo.
Com a assinatura do contrato com a referida empresa, o que podia ser considerado um álibi para a empresa Electra, tornou-se em pesadelo porque foi obrigada a parar o próprio parque eólico para assumir a penetração do terceiro, para poder cumprir o “take or pay”, e com o pagamento das faturas rigorosamente no timing determinado, nas Cláusulas do contrato do mesmo “take or pay”.
A transição energética é uma exigência internacional para socorrer o planeta terra, quanto a quantidade de CO2 e outros gases nocivos lançados ao ambiente, sem saber de momento que consequência a opção das energias renováveis podem trazer no futuro.
Para o ser humano, o importante é o agora, que está confirmado, que se não for moderado na liberação do C02, pode trazer consequências graves com o aumento da temperatura no planeta e as consequências que daí advêm.
Adivinha-se o mesmo sucedido de anos anteriores, nestes últimos tempos, com a transição para a energia renovável, em que a missão atual baseia-se, no desmantelamento da empresa responsável para produção e distribuição de energia e água no País, com fragmentações, em que a mesma acabará por desaparecer.
O que não se sabe ainda em concreto, é de como vai ser a sustentabilidade das redes públicas, sabendo da fragilidade da exploração contínua das energias renováveis para garantir a sua estabilidade e a produção contínua, em que a sua associação ainda exige estudo e custo, se assim não fosse os países ricos já teriam parados os outros tipos e sistemas de produção de energia nocivos ao ambiente e à humanidade.
De uma coisa eu tenho certeza: a empresa responsável até agora vai continuar com suporte até a completa devoração, porque as produções independentes não têm coração, portanto, não devemos esperar que vão apaixonar e favorecer a aquisição de eletricidade e água a bom preço para o povo das ilhas, com investimentos bem caros de controlo e sustentação da rede pública, que não tem retorno absoluto.
E caso não sejam criadas as condições através de leis para taxar os recursos ambientais usados na produção de energias renováveis a bem da sua população, estamos tramados.
Opinião de cariz histórico da nossa realidade e a previsão futurista do cidadão atento.
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