Se a liberdade se vincula na sociedade em que cada um se insere, e não está sob ameaça, então percebe-se que os valores morais estão preservados sobre constantes medidas de vigilância, mantendo assim os valores padrão de coesão. Com isso, estamos cientes e seguros de que os valores transmissíveis em transformação inspiradora, como o espírito de cidadania ativa e participativa de absoluta consciência de valores, tais como a solidariedade, a igualdade e a justiça entre todos, recorrendo como pilar basilar o ensino de qualificação ao mais alto nível, e primar pela literacia como bem e valor imprescindíveis comuns.
Por: Péricles Tavares
Se a democracia faz escola em Cabo Verde, é de todo oportuno interrogar se, porventura, a sociedade cabo-verdiana está minada por uma crise de valores ou se enfrenta um processo evolutivo a grande velocidade que tanto ultrapassa como assusta as instituições incapacitadas de acompanhar, e também, dar respostas às avalanches de crises de valores no expectante à liberdade com responsabilização de cidadania, mantendo-se atento e em alerta a pontuais episódios. O sistema escolar tem reflexo extraordinário e definitivo, tendo presente que apenas pela educação será possível a transferência da literacia, veículo da evolução social, em todo o processo de inclusão pela igualdade e solidariedade para dentro da moralidade.
Em todo o processo histórico da humanidade, a mesma sempre se deparou com alguma fragilidade, motivo para atenção e reparo para melhorar a condição e vivência coletiva das gerações, perdurável no tempo, e pela democratização do espírito inédito de cada cidadão, principalmente os jovens, e fazer do ser homem um crítico inconformado, que tenta saber e entender de tudo que o cerca, num tempo de informação e comunicação em rede à sua disposição em tempo real, um bem, mas também um mal, para melhor empregar a sua literacia. Destaca-se os idos anos do século antecedente e findo, onde tinham apenas os livros e jornais como instrumento de instrução e habilitação, de e para consulta.
O mundo, e devemos admitir que a presente era nos surpreende pelas novas tecnologias, com a sociedade operando em rede, e onde recuar no tempo não faz parte da sapiência. Devemos recorrer sempre, e objetivamente, a um sistema de melhor ensinar pela adaptação do pedagogo como princípio de racionalidade e de sustentabilidade, ao educar o crítico em relação ao que lê e confronta.
No cômputo atualizado se depara com a preocupação pela crítica pontual e frontal a todos os níveis de ensino neste país pelo corpo docente descontente com o minguado salário que auferem a cada mês, mas também com a condição para melhorar a qualidade de ensino a nível territorial e nacional, e, consequentemente, a abolição de propinas, contemplando o ensino secundário e, em caso extremo, o ensino superior aos alunos carenciados e monoparentais. Será tempo para aprender a respeitar o outro, pois sempre será com o outro que se aprende.
Nas ilhas de Cabo Verde, as palavras cidadania e liberdade soam como se estivéssemos a invocar pelo Diabo. Contudo, atrevo-me à primeira, a estrelar, ou seja, a esmiuçar a cidadania como parte integrante da democracia participativa na visão de Péricles Tavares. Falar de cidadania de forma singular ou plural, com os direitos num cenário global em situação de exigência maior, é de todos a participação pelo princípio do vínculo nacionalista. Como exemplo, éramos chamados e confrontados a vacinar contra a pandemia, ainda lembrados pela ação devastadora de vida, reduzindo assim para zero, se possível, o pico de cadáveres em disseminação pelo covid19.
Mas afinal, o que é a cidadania e para que serve? O que se espera do cidadão?
A cidadania são as ideias conceptuais em que se focalizam no respeito, na noção de responsabilidade e elevado espírito de solidariedade, e que são aceites no espaço público e religioso, uma resistência subversiva como alertar atenção pelo direito no Estado de Direito.
Pelo direito, o direito associado, o cidadão expressa, e manifesta, de forma clara, corajosa e inequívoca, os seus sentimentos em liberdade e em respeito para com os demais cidadãos. Os direitos civis, como o direito à propriedade privada, direito à crença religiosa, direito à intervenção política (eleger e ser eleito), direito social (p.e: a saúde, a educação), são todos direitos que a constituição referencia e consagra com maior relevância, como o direito à vida, à igualdade e à justiça social, evitando o assistencialismo, adotando políticas públicas de inclusão, favorecendo a classe social vulnerável, bem como os demais direitos discutíveis, reclamáveis e aceites. De igual modo, os deveres para com todos, a defesa do território do ambiente no geral, é também um ato de cidadania legítima, dialética de todo o coletivo, do presente e do futuro.
Viver bem agora e, ao mesmo tempo, criar condições para que quem virá depois comece de forma positiva para um melhor bem-estar social, tomar agora e doar depois como testamento, são os feitos alcançados pelos mais antigos. Nesta matéria de convicção de cidadania, de vantagem alargada, de pedagogia, será uma contribuição social esclarecedora sem recorrer à moralidade e obrigatoriedade, tornando-se assim um dever que assiste a todos, os legítimos cidadãos.
Cientes de que a cidadania é um atributo do cidadão atento e interessado, é possível, em exercício no contexto do pluralismo democrático sem gerência e ingerência, um modelo de cidadão universalista que desvia a atenção para o etnocentrismo desaconselhável na relação entre povos, onde as tendências e diferenças serão unânimes e aceites.
Nas universidades cabo-verdianas, no tabuleiro expressivo de cidadania, no curriculum depara-se com a falta de consideração de um para o outro, pela formação do ethos individual que impeça os indivíduos de serem solidários, e que mais adiante espelha-se no comportamento do governante dotado de conceitos (certificados, boas notas), e com preconceito de superioridade (grandeza). Importa ter tempo, com dedicação, em boa intenção de transmitir ao reaprendizado e aprendizado a informação para melhor aperfeiçoamento do conhecimento básico e superior. É de merecido realce, o Professor, senhor da sapiência contagiante e transmissível, mas sempre tido como achado no esplendor da cidadania.
Não é de todo possível contornar as redes sociais em tempo de expansão de cidadania sem priorizar e equacionar todos os problemas, como sendo oportunos e iguais pela uniformização de pensamento. Menosprezadas ficam as questões temáticas e a discussão aprofundada que a ciência exige um sinal de menos liberdade com muita ilusão pelo meio. Todos têm acesso à informação, de ser informado, de emitir a sua opinião, mas ninguém detêm todo o saber. De forma sociológica, a liberdade não passa de uma mera impossibilidade caracterizada de código e concessão mútua a criar em progresso continuado até ao esplendor da universalidade.
Se confrontarmos a constituição da república de Cabo Verde, no que refere à liberdade, a mesma diz que somos “todos iguais perante a lei”. No entanto nos deparamos com uma falácia e maliciosidade de todo tamanho devido ao plágio, a sofrível assimilação da literacia no ciclo parlamentar e governamental, a compreensão e interpretação dos conteúdos à consideração.
A evolução intrínseca da sociedade cabo-verdiana está na dependência dos meios de comunicação, de transmissão e de informação por mediação de imprensa com antecedentes de reconhecimento, mas, quiçá, detentora de atores e consumidores ao patamar social mais alto que, pelo conhecimento motivado pela universalidade de acesso à comunicação, os cidadãos em consciência deparam-se com a sua irrelevância, a influência e importância, em transformar as redes sociais num imenso areal de opiniões descabidas.
A comunicação inteligente e digital é um instrumento no combate à ignorância e à desigualdade social que mora há séculos nestas ilhas famintas de pão e sabedoria do conhecimento. As desigualdades são um facto a dar combate sem trégua, que fere a cidadania e mexe com a dignidade e carácter do cidadão do seu, e nosso, país, assim como é importante não deixar para o esquecimento e dizer que a corrupção que corrompe e ofusca a transparência desejada no exercício dos bens públicos, é um vírus palaciano contraído pelos ratinhos dos impostos e das contribuições arrebatadas ao povo.
Cada momento de crise é um caso a somar a muitos que vai desaguar ao mar da insuportável miséria, onde a desigualdade sem resposta pelo chumbo da literacia governativa nacional continua sem respostas em tempo útil às demandas excecionais.
Por causa do tremendo défice de conhecimento do sistema tido por democrático (fachada), é por muitas cábulas guiados por cabresto partidário o que deixa em estado de profunda frustração pela ilusão de oportunidade criada na mente o desaventurado cidadão sem realização aparente, um crime de cidadania de merecida punição popular em tempo concordado.
Um crime maior, perante a iminente crise de valores, é quando se deposita nos jovens a esperança de contemplação de oportunidade transformada em mito etnocêntrico e sociocêntrico, os mesmos estando incapacitados ao poder de crítica e indiferentes para com a causa nacional.
Que o momento seja de profunda reflexão nacional, ao qual ninguém escapa, e assuma a baixo nível de literacia, decidir para as aulas como sinal de refrescar o conhecimento e abrandar o comportamento do ágil corrupto, os alienadores da classe jovem da sociedade cabo-verdiana em evolução e crescimento em todos os domínios, e de perpetuação da nação na pátria incólume.
Existe tempo de sobra para o refrescar do (des)governo. Um novo amanhecer para Cabo Verde da esperança de todos, e dos jovens aspirantes ao poder político!
Cidadela, Abril de 2024
Péricles Tavares
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