O presidente do Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional (ISSO) disse hoje que a escolha do Fogo para a realização da 6ª Conferência Nacional de Promoção do Trabalho Digno deve-se à realidade laboral da ilha.
João Carvalho mencionou este facto na abertura da conferência que se realizou em comemoração ao Dia Mundial do Trabalho Digno, que é assinalado hoje e destacou a elevada taxa de informalidade no mercado de trabalho.
O presidente do ISSO disse que um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontou que a ilha do Fogo, em termos de trabalho informal, está acima da média nacional, o que obrigou a inclusão dessa questão no debate sobre a promoção de trabalho digno em Cabo Verde e que também levou o instituto a escolher a ilha para a realização da conferência.
João Carvalho destacou a importância de realizar eventos do tipo em todas as ilhas do arquipélago tendo em consideração a diversidade e as necessidades locais e acrescentou que a descentralização é também uma oportunidade para promover um debate profundo sobre as condições de trabalho na ilha.
"Queremos trabalhar com a prata da casa, por isso temos três palestrantes locais que conhecem bem a realidade da ilha", disse João Carvalho que lembrou os quatro pilares do trabalho digno: emprego, proteção social, diálogo social e igualdade de oportunidades.
Para o presidente do ISSO é fundamental que empregadores e trabalhadores possam sentar-se juntos para discutir a implementação de uma cultura de segurança no trabalho, uma remuneração justa, e a promoção da equidade de género no ambiente laboral.
Na sua intervenção, João Carvalho alertou para a fuga de trabalhadores, que muitas vezes não está apenas relacionada aos salários, mas à falta de dignidade no ambiente de trabalho e enfatizou que todos saem de casa em busca do seu sustento, mas também querem respeito e reconhecimento no trabalho, o que, segundo o mesmo, é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma maior inclusão social.
A conferência tem por objectivo partilhar conhecimentos técnicos e científicos sobre as melhores práticas para promover um trabalho seguro, saudável e digno e faz parte de uma estratégia mais ampla para melhorar as condições de trabalho em todo o país.
Com a realização desta conferência em São Filipe, o Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional espera um impacto positivo tanto na ilha do Fogo quanto no contexto nacional, para promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão social através da melhoria das condições de trabalho.
O presidente da Assembleia Municipal de São Filipe, Luís Nunes, que presidiu à cerimónia de abertura expressou a sua satisfação em participar do evento e saudou o ISSO pela escolha de São Filipe para a realização desta “importante jornada de partilha e reflexão”.
"Falar de trabalho digno é falar das aspirações de homens e mulheres no domínio profissional, que abrange vários elementos”, disse Luís Nunes, que destacou oportunidades para realizar um trabalho produtivo com uma remuneração justa, segurança no local de trabalho e protecção social, boas perspectivas de desenvolvimento profissional e integração social e igualdade de oportunidades e de tratamento no local de trabalho".
Luís Nunes lembrou que o conceito de Trabalho Digno foi introduzido na agenda internacional na década de 1990, promovido inicialmente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), e que envolve quatro componentes fundamentais: emprego, direitos, protecção e diálogo e sublinhou que essas quatro componentes são essenciais para criar as melhores perspectivas de progresso social e desenvolvimento humano.
Destacou ainda que o direito ao trabalho digno é um direito humano fundamental e reconhecido globalmente como uma prioridade no contexto da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, cujo Objectivo 8 apela à promoção de crescimento económico sustentável, emprego produtivo e trabalho decente para todos.
A Semana com Inforpress
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