A NOSI, entidade pública cabo-verdiana da área digital vai pedir às autoridades que responsabilizem criminalmente os autores de um comentário fraudulento no Facebook que está a gerar um debate aceso no arquipélago por alegada censura.
O Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação (NOSI) “tomará as medidas e atuará junto das autoridades para que os responsáveis deste ‘fake’ [mensagem falsa] sejam identificados e criminalmente responsabilizados”, anunciou em comunicado.
Em causa, está uma mensagem na página de Facebook da Rádio Televisão Cabo-verdiana (RTC), indicando que um comentário a uma reportagem foi "removido pelo NOSI, por determinação pelo Governo de Cabo Verde”.
Acontece que a mensagem é, ela própria, um comentário, que foi escrito de maneira a parecer um aviso de remoção de conteúdo, a mando do executivo.
A falsa notificação foi fotografada e redistribuída noutras redes sociais como se fosse verdadeira, acompanhando comentários indignados com uma alegada censura.
Para o NOSI, os “boatos”, embora “facilmente desmontáveis tecnicamente”, visam “única e exclusivamente disseminar a mentira e confundir a opinião pública”, além de “colocar em causa a imagem reputacional” da instituição.
A RTC também emitiu um comunicado, referindo que o comentário fraudulento foi escrito por um “perfil falso”, denominado Terra Longe.
No mesmo comunicado, o administrador executivo da RTC, Victor Varela, reiterou que a literacia digital e o combate à desinformação “são uma responsabilidade de todos”.
Numa mensagem na sua página pessoal, o engenheiro informático cabo-verdiano Hélio Varela escreveu que esse tipo de remoção de um comentário “somente pode ser feito pelo autor ou pelo Facebook, mas nunca por uma terceira parte, ainda por cima a pedido de uma quarta parte”.
O também antigo coordenador do NOSI referiu que a escrita desta mensagem recorre a carateres UNICODE, que permitem inserir símbolos ou mudar o tipo de letra, parecendo ser uma notificação real, que se pode tornar viral.
“Tenham muito cuidado com o aproveitamento do potencial tecnológico para veicular mentiras e destruir reputações”, alertou Hélio Varela.
A Semana com Lusa
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