A plataforma cívica “Guiné Equatorial também é Nossa” condena a onda repressiva no país e exige ao regime do Presidente, Teodoro Obiang Nguema, a reposição do Estado de Direito e o diálogo político.
Em comunicado datado de domingo, a plataforma, juntamente com as organizações signatárias do pacto pró-democracia Madrid 2022, desafia o Presidente, de 82 anos, “a ser corajoso e a ordenar a libertação dos detidos pelos protestos pacíficos em Annobón”.
Pelo menos 37 residentes em Annobón foram detidos por terem participado num protesto popular contra o impacto ambiental provocado por obras de infraestruturas.
Annobón, uma ilha de 17 quilómetros quadrados ao largo da costa do Gabão, é acessível por avião privado ou ‘ferry’ duas vezes por mês.
Os membros desta comunidade de cinco mil pessoas denunciaram no passado “perseguição, repressão, discriminação sistemática e abandono” por parte do Governo central, ao ponto de exigirem a “autodeterminação” e proclamarem a República de Annobón.
No início de julho, cerca de 20 habitantes de Annobón escreveram ao Presidente a exigir uma solução para os danos causados pelas detonações ligadas à construção de infraestruturas na ilha.
No comunicado divulgado domingo, a plataforma exige ainda a libertação do escritor Francisco Ballovera, bem como dos ativistas Jeronimo Ndong Mesi, Anacleto Micha Ndong, Joaquin Elo Ayeto, Salvador Bibang, Liberato Biacho e Claudio Edjo e a reintegração dos advogados suspensos Gemma Jones Ndjoli e Angel Obama Obiang.
Outras das exigências são a exigência de uma “amnistia para todos os presos políticos e de consciência”, incluindo os membros do partido político Cidadãos pela Inovação, a “cessação imediata de todas as hostilidades e da política ativa de repressão contra a dissidência e as vozes críticas em todo o país”.
“E exigimos a abertura de um processo de diálogo político sincero para uma verdadeira transição democrática que envolva o regime e todas as forças políticas e sociais, dentro e fora do país, para enfrentar a multi crise crónica e a grave deterioração da situação política, económica e social que a República da Guiné Equatorial está a viver”, acrescenta-se no texto.
A Guiné Equatorial, um pequeno país da África Central com um dos regimes mais fechados e repressivos do mundo, é governada ditatorialmente por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo há 45 anos, o recorde mundial de maior permanência no poder de um chefe de Estado vivo, excluindo os monarcas.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Report
My comments