A presidente da associação de protecção de animais Simabô demarcou-se esta quarta-feira das acusações feitas pelo vereador da Câmara Municipal de São Vicente e considerou que o problema de cães ainda existe devido à falta de colaboração.

Sílvia Punzo reagiu em conferência de imprensa, no Mindelo, às acusações feitas também em conferência de imprensa na quinta-feira, 08, pelo vereador do pelouro de Saneamento à associação.

Conforme o autarca, a Simabô está a “comandar” um grupo de voluntários, que apelidou de “fantoches e políticos mascarados” e “aproveitadores” de cães vadios, alguns deles capturados recentemente pela edilidade e colocados no canil municipal.

Como esclarecimento Sílvia Punzo asseverou que perante as “condições atrozes” com que os animais capturados têm sido sujeitos, foi formado um grupo espontâneo de voluntários ao qual à associação juntou-se, assim como médicos veterinários do sector privado e vários cidadãos de São Vicente não relacionados com nenhuma organização não-governamental (ONG).

“Não queremos com isto demarcar-nos do movimento, muito pelo contrário, fazemos orgulhosamente parte dele”, afiançou a responsável, para quem os “ataques” da câmara municipal visam apenas desviar a atenção do que realmente importa.

A captura e abate dos animais capturados, e que, ajuntou, estão a ser feitos pela edilidade sem seguimento de veterinários, “pode ser eficaz no imediato, contudo, não permite alcançar resultados estáveis a longo prazo”.

“Está estudado que, quando se procede à captura de cães numa determinada localidade, estes são rapidamente substituídos por outros, uma vez que está mantida a capacidade de reprodução e que se encontra comida suficiente”, explicou.

O vereador também lançou a acusação de que houve encontros entre a Simabô e a câmara municipal para a cedência de um terreno para construção de um canil e da sede da associação e que não teve progressos devido à intenção da Sílvia Punzo em querer colocar o terreno em nome próprio.

Em resposta, a responsável da associação disse ser “ridículo” tal declaração e esclareceu que a câmara apresentou um lote de terreno “muito pequeno”, numa zona praticamente vertical e onde seria necessário “milhares de euros” somente para tirar uma parte da montanha.

Quanto à questão levantada pelo autarca de que o trabalho da instituição, em São Vicente há cerca de 15 anos, não está a resultar e sim está-se a aumentar o número de cães a circular nas ruas, Sílvia Punzo admitiu que o número de cães é mais que os três mil avançados pelo vereador, ou seja, assegurou, são “mais ou menos 10 mil”.

“Provavelmente não diminuiu desde que começamos a trabalhar, mas esta foi exactamente porque nunca tinha colaboração”, considerou.

Também o médico-veterinário da Simabô, Guilherme Oliveira, reiterou a falta de colaboração e disse que a culpa de toda a situação é “somente da câmara municipal” que poderia ter o trabalho de somente fazer a fiscalização dos microchips colocados pela associação e aplicar coimas e taxas aos cidadãos que não cumprirem a lei de protecção de animais.

A Semana com Inforpress