O engenheiro de construção civil João Miguel Alves enumerou hoje algumas insuficiências no sistema de drenagem de águas superficiais nas vias asfaltadas e a necessidade de “introdução de correcções urgentes”.
Na sequência das chuvas caídas no sábado, 27, o engenheiro, também conhecido como Monche no meio foguense, vistoriou os trabalhos de drenagem de águas superficiais em vários pontos da cidade para se inteirar do seu funcionamento e comportamento, e, em declarações à Inforpress, apontou que alguns pontos precisam de “uma correcção urgente”.
“Há situações em que as grelhas de betão têm de ser substituídas porque não têm capacidade para absorver as águas superficiais, alguns canais ou grelhas estão mal posicionados ou dimensionados e, mais grave, as estradas não têm as inclinações laterais para conduzir as águas para os canais que não estão a ser alimentados”, assinalou o engenheiro.
A mesma fonte sublinhou que com a pouca quantidade de água das chuvas caídas deparou-se com “muita insuficiência” na capacidade de absorção.
Outra situação que o engenheiro considerou de “grave” é o facto de toda a água superficial da descida de Santa Filomena, e não só, estar a ser canalizada para o antigo canal que existia no Largo de Cruz dos Passos, que vai desembocar na ponte perto da antiga Central Eléctrica em direcção ao mercado de Sucupira.
“As duas primeiras chuvas deram sinais que este canal é insuficiente para receber possível quantidade de água que vai entrar pelo mesmo”, referiu João Miguel Alves, para quem tem de ser feito correções e introdução de algumas melhorias para evitar casos mais graves, caso ocorra chuva com maior dimensão.
Em relação a Santa Filomena, apontou que a melhor solução, para evitar possíveis problemas de água na zona de Cruz dos Passos e parte baixa da cidade, passa pela abertura de dois canais transversais antes da igreja de Santa Filomena para desviar as águas que chegam de III Congresso e da Cruz Vermelha.
Acrescentou que os canais construídos devem ser revistos, tanto no dimensionamento como no posicionamento, de modo a suportar toda a água em caso de chuva mais forte, e evitar estragos futuros na zona baixa.
Quanto à via de Cobom, o engenheiro lembrou que os canais que existiam deixaram de existir devido a construção de casas ou por falta de dinheiro, ou ainda devido a “falta de vontade política”, não foram feitas prospecções.
O sistema de drenagem junto à Praça do Presídio, segundo o engenheiro, não deu para ver o seu comportamento, porque ainda não está concluído, mas considerou que o trabalho que está a ser realizado no Presídio deveria acontecer numa outra zona, mais acima, porque, explicou, o Presídio é o fim da linha e não se pode captar toda a água no final da linha, porque a velocidade é maior.
“A maior parte das estradas asfaltadas não têm as inclinações laterais (…) e em algum caso a água correr em toda a largura da estrada e faz com que zona que antes não corria água passa a ter cheias e vai criar problema na parte calcetada da cidade devido a água desviada e não canalizada”, observou o engenheiro.
Para a mesma fonte, se chover como no ano passado a cidade vai ter o mesmo prejuízo registado em 2023 no Largo Pedro Cardoso ou em qualquer outro ponto da área calcetada na parte baixa.
“As duas chuvas já deram sinal que podem desintegrar”, salientou o engenheiro de construção civil, para quem a solução passa por aguardar a queda de chuva em maior quantidade e, em função da inclinação, fazer a correcção e construir canais suplementares para corrigir a situação porque os que foram feitos são insuficientes.
O engenheiro quis assim alertar as autoridades dos “perigos iminentes” em caso de chuvas e se não houver um bom sistema de drenagem de água.
O presidente da câmara e o vereador responsável pela área das Infraestruturas estão numa missão nos Estados Unidos da América e, em princípio, devem regressar hoje à ilha, pelo que não foi possível auscultar o posicionamento da autarquia de São Filipe sobre o alerta deixado pelo engenheiro.
A empresa responsável pela execução pela asfaltagem das vias urbanas e do sistema de drenagem das águas superficiais, inauguradas a 19 de Julho pelo primeiro-ministro José Ulisses Correia e Silva, está impedida de dar quaisquer explicações devido às cláusulas estabelecidas no contrato de empreitada.
A Semana com Inforpress
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