A coordenadora do Movimento Civil para as Comunidades Responsáveis (MCCR) lamentou esta terça-feira a continuidade de envenenamento de cães e gatos, mais expressivamente na ilha de Santiago, defendendo que já deveria haver um orçamento destinado à resolução deste problema.
Em entrevista à Inforpress, Maria Zsuzsanna Fortes lembrou que este movimento civil tem feito várias denúncias às autoridades nacionais, como a Procuradoria-Geral da República, a Inspeção-geral das Actividades Económicas (IGAE) sobre casos de envenenamento desses animais feito pela própria população de forma indiscriminada.
“Em meados de Fevereiro, o MCCR e a OSPA, que é uma organização de protecção a cães e gatos na ilha do Sal, fizeram uma denúncia em conjunto a 16 entidades sobre esta situação. Porque constatamos que, de facto, na ilha de Santiago, a situação continua, mas não da forma como era praticada antes, porque presumimos que agora se trata de envenenamento feito pela própria população”, explicou.
Segundo esta responsável este acto continua devido a de controlo sistemático, tendo frisado que a IGAE, enquanto entidade fiscalizadora, actuou uma única vez, pelo que sabem, quando realizaram uma busca nas lojas onde vendem venenos, sobretudo nas lojas chinesas.
“Portanto, dependendo da dose, este veneno é perigoso até para o ser humano. No fundo, achamos que é preciso um passo no desenvolvimento societário porque, digamos, antigamente esta prática era feita em resposta ao controlo do crescimento populacional dos animais que vivem na rua”, disse.
A seu ver, o Estado não está a dar contributos reconhecíveis no sentido de pôr cobro a esta situação, de modo que os voluntários continuam a trabalhar na medida do possível e com alguns resultados, mas não o desejável.
Entretanto, afirmou que as câmaras municipais, o próprio Estado e a sociedade em geral deveriam trabalhar em defesa destes animais, sugerindo que já deveria haver um orçamento dentro do orçamento geral do Estado, para a resolução deste problema.
“Teríamos que ter a castração contínua e gratuita, ao meu ver. Teriam que colocar impostos pesados nos animais de raça como forma de incentivar a adoção de animais de rua. E deveria responsabilizar os donos que abandonam os animais”, sugeriu, lembrando que existe a lei que penaliza o envenenamento, os maus-tratos, assim como penaliza o abandono.
A responsável apelou, por isso, a mais consciência da parte da população, justificando que um animal tem os mesmos direitos de viver, como os humanos.
“Só a sociedade em conjunto é que poderá resolver este problema”, alertou, pedindo a quem tenha conhecimento de algum caso de envenenamento de cães e gatos que denunciem ao MCCR ou então às autoridades competentes.
A Semana com Inforpress
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