O Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) defendeu hoje que uma democracia plena deve representar a sociedade, reiterando que a participação da mulher é “fundamental” para o reforço e qualidade da democracia.
Marisa Carvalho falava em entrevista à Inforpress no âmbito do mês dedicado à mulher, asseverando que mesmo após quatro anos da implementação da Lei da Paridade, o mérito, a capacidade e preparação académica da mulher é “constantemente posto em causa”.
Segundo esta responsável, em Cabo Verde, a paridade tem sido atingida na eleição de vereadoras e deputadas municipais, mas não na liderança das câmaras municipais de acordo com a lista divulgada pelos partidos políticos.
“A lei não exige que as mulheres devem encabeçar as listas, exige sim que haja paridade das listas e isto tem sido cumprido, em todas as listas que têm sido apresentadas, logo no segundo da lista é mulher, mas falta dar este passo, é o que falta” esclareceu, defendendo que a uma democracia plena deve ser verdadeiramente representativa.
Marisa Carvalho reiterou que a participação da mulher é “fundamental” para garantir a qualidade, diversidade e eficácia da democracia, assegurando que políticas públicas atendam também às necessidades da camada.
Esta sub-representação não apenas reflecte as barreiras estruturais e culturais enfrentadas pelas mulheres, assim como, frisou, as diferentes percepções entre homens e mulheres para o mesmo cargo, condicionando, no final, a posição das mulheres.
Muito embora os desafios associados igualmente à exposição, violência verbal, ataques nas redes sociais e alinhar a vida política ao pessoal, a presidente do ICIEG adiantou que tem havido um interesse e adesão cada vez maior das mulheres ao sistema político.
De acordo com Marisa Carvalho, a maioria das mulheres precisa de apoio para chegar ao poder e para lá chegar", sublinhou, os homens precisam abdicar do lugar.
Por isso, acentuou, é normal que haja desistência de um lado e receio do outro" frisando que os homens estiveram quatro décadas no poder e ainda continuam a exercer a posição de domínio.
Elencou que a instituição tem implementado uma série de formação enquadrada no projecto em parceria com a Cooperação Espanhola para estimular a participação das mulheres no processo democrático.
“Temos desenvolvido em vários municípios estes actos de sensibilização com mulheres e homens para realmente falar as questões do género, a lei da paridade, verificamos que há um pouco de desconhecimento do que é a lei e que o define. O caso desta última em Santo Antão foi específico para as eleitas municipais” explicou.
Marisa Carvalho disse que, no terreno, verificou que as mulheres têm pouco conhecimento da lei que as representa e que a ideia é trabalhar com as vereadoras e deputadas eleitas para que sejam porta-voz das mulheres no mundo político e divulgar a Lei da Paridade.
A Semana com Inforpress
10 de março 2024
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