As autoridades iranianas estão a conduzir uma campanha em grande escala para fazer cumprir as leis repressivas do uso obrigatório do véu, vigiando mulheres e raparigas em espaços públicos, denunciou hoje a Amnistia Internacional (AI).
Num comunicado enviado às redações e que antecipa o Dia Internacional da Mulher (08 de março), a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Londres, realça que as autoridades estão, paralelamente, a efetuar numerosos controlos policiais que visam mulheres condutoras.
“Dezenas de milhares de mulheres viram os seus carros ser arbitrariamente confiscados como punição por desafiarem as leis iranianas sobre o uso do véu. Outras foram processadas e condenadas a chicotadas ou a penas de prisão, enfrentando também multas ou a obrigação de frequentar aulas de ‘moralidade'”, lê-se no comunicado da Amnistia.
A organização diz ter recolhido em fevereiro o testemunho de 46 pessoas, 41 delas mulheres, juntamente com uma análise de documentos oficiais, como sentenças judiciais e despachos de acusação, que indicam que as agências estatais estão envolvidas na perseguição de mulheres e raparigas pelo simples exercício dos seus direitos à autonomia corporal e à liberdade de expressão e de crença.
“A realidade vivida diariamente pelas mulheres e raparigas no Irão é assustadora e, numa tentativa sinistra de silenciar a resistência ao uso obrigatório do véu na sequência da revolução ‘Woman Life Freedom’, as autoridades iranianas estão a aterrorizar as mulheres e as raparigas, submetendo-as a vigilância e policiamento constantes, perturbando a sua vida quotidiana e causando-lhes um imenso sofrimento mental”, descreveu a organização.
“As táticas das autoridades das diferentes polícias vão desde a detenção de mulheres condutoras na estrada e a confiscação dos respetivos veículos, até à imposição de penas desumanas de flagelação e de prisão”, afirmou Diana Eltahawy, diretora adjunta da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e o Norte de África.
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