quinta-feira, 21 novembro 2024

A ATUALIDADE

Carnaval/São Vicente: Grupos oficiais protagonizam desfiles de exuberância e sumptuosidade

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Os grupos oficiais do Carnaval de São Vicente apresentaram, na noite de terça-feira, desfiles marcados pela exuberância e sumptuosidade no desenvolvimento do enredo, nas indumentárias coloridas e com andores bem concebidos embora houvesse outros com imperfeições no acabamento.

Na noite de exibições, a competição para os prémios do Carnaval 2024, organizada pela Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval – São Vicente (LIGOC-SV), principiou com Estrela do Mar discorrendo sobre o enredo “EDM Je t´aime.”

O grupo entrou às 19: 00 com os “Guardiões do amor”, na comissão de frente, a pedir a Mindelo que se vestisse de gala para o receber e celebrar os 50 anos da união mais que perfeita entre o Estrela do Mar e o Carnaval.

Após iniciar, o grupo teve uma demora na evolução concentrando-se muito tempo na zona de arranque ainda com a sua comissão de frente.

Mesmo assim animação e luxo nas fantasias esteve presente desde o 1º sector no qual se destacou o primeiro casal de mestre sala e porta bandeira simbolizando as personagens mitológicas, Eros e Psiqué, acompanhados por oito Guardiões da Bandeira.

 Seguiu-se o carro abre-alas “Mindel ma EDM ta dá da li ta dá do lá”, que representou um emaranhado de corações mostrando “a grandiosidade” do amor entre o Carnaval do Mindelo e a Estrela do Mar que celebra as suas bodas de ouro.  Esta alegoria apresentou algumas falhas no acabamento além da falta de adorno nalgumas figuras de destaque.

O segundo casal mestre sala e porta-bandeira, representaram os lendários Romeu e Julieta, mas também estiveram presentes a ala de “Cleópatra e Marco António” e o “Pinha ma Cantai”, último casal convidado vindo directamente da tradição oral cabo-verdiana.

O Estrela do Mar apresentou ainda mais dois andores “o polvo marinho que guarda a estrela de todo o amor” e “O achamento da Atlântida” estes dois últimos com melhor apresentação estética.

No final do desfile, o presidente do grupo, Júlio do Rosário, disse que se sentiu realizado com o desfile apesar de, na última semana que antecedeu ao concurso, terem tido “muitos problemas e dificuldades no estaleiro”. “Sinto-me satisfeito, com objectivo cumprido porque é uma Estrela que veio para ficar, com rigor e transparência, para promover a cultura e o turismo de São Vicente e Cabo Verde”, lançou.

 Seguiu-se o grupo Flores do Mindelo que entrou às 20:00 a desvendar o enredo “Baralho, os jogos são só do baralho?”. Logo no início o grupo teve um problema no gerador que impossibilitou a projecção do som para que pudesse ser ouvido na extensão da avenida.

Esta entrave não desanimou os integrantes do Flores do Mindelo que cantaram a plenos pulmões para superar o percalço, que logo foi resolvido possibilitando ao grupo a apresentar um desfile completamente diferente dos anos anteriores, mais animado, mais ousado e com uma “boa vibe”.

Fiel ao enredo, a comissão de frente simbolizou “A magia com o baralho, o coringa e apresentava truques com as cartas” enquanto que o primeiro carro, o abre-alas, apresentou brincadeiras com o baralho remetendo ao gozo e à diversão, proporcionados pelos jogos. O primeiro casal mestre sala e porta bandeira também se remeteu ao baralho, à etnia cigana e a outros jogos.

"O baralho" esteve novamente no primeiro carro alegórico bastante colorido que foi sucedido por alas, todas elas representando os naipes, além de outras que faziam referência a jogos ciganos.

Já o segundo carro alegórico remeteu-se ao horóscopo cigano com todos os signos a que se seguiu a ala do jogo do dado, a ala do jogo xadrez em homenagem à Celly Freitas, do grupo Vindos Oriente, falecida no ano passado jogo chinês "shingin” e as musas de snooker e de futebol. E, finalmente, o terceiro andor trouxe uma homenagem ao falecido Djim Bombeiro que também era árbitro de futebol. 

Segundo a presidente do grupo, Ana Ramos, foi preciso muito esforço para levar “Flores do Mindelo” às ruas porque tiveram muitas dificuldades. Mas este ano apresentaram-se “com mais força e com mais folia para competir com qualquer grupo”, lembrando que “a vida é um jogo pelo que o enredo toca a qualquer um”.

Monte Sossego foi o terceiro grupo a entrar na Rua de Lisboa. Às 21:30 a actual campeã do Carnaval de São Vicente chegou com o enredo “Genética.CV- Ma casta de raça ê esse” e com sede de revalidar o título.

Montsu, como é carinhosamente chamado, trouxe um ambiente vigoroso para a Rua de Lisboa que já estava em êxtase. A bateria composta por 160 ritmistas, “denominados cabralistas”, empolgou com inúmeras paradinhas, ritmadas por palmas e apupos do público.

Com fantasias e alegorias bem-feitas e coloridas e com uma comissão de frente denominada “Da Sumbia a uma Nação; uma Genética de resiliência e revolucionários”, Montsu lembrou a Luta de Libertação Nacional, liderado por Amílcar Cabral.  Foi uma exibição que uniu técnica e emoção.

A miscigenação foi o prato forte do primeiro casal de mestre sala e porta bandeira que seguiam sob escolta pelos Guardas do Casal que representava o “Encontro de civilizações distintas”.

Ainda no primeiro sector, o grupo desmistificou a origem do povo cabo-verdiano, lembrando a sua ancestralidade na “mãe África” com as baianas e musas e através do primeiro carro alegórico “Porões da nossa história. Ancestralidade e miscigenação”.

No segundo sector teve os “pioneiros e das flores de revolução” e também da rainha de bateria, que esteve graciosa e com “samba no pé” ao representar a chama da independência nacional.

O desfile teve boa harmonia, cor e brilho e entusiasmo até ao final do enredo que se concretizou com a segunda alegoria, denominada “construção de um novo homem a partir da luta de libertação”, pelo sector que mostrou a afirmação da identidade cabo-verdiana presente na música, no mar, na morabeza, no turismo e na diáspora que é a 11ª ilha e ainda no terceiro que retratava “construção da nação cabo-verdiana”.

Para o presidente do Monte Sossego, António Duarte, o objectivo para o Carnaval 2024 foi plenamente atingido, embora reconheceu que a fase de preparação do Carnaval “foi muito duro e extremamente desgastante” por causa do tempo curto que tiveram para preparar.

“Conseguimos atingir o nosso objectivo de fazer um grande desfile e esperamos pela decisão soberana”, afirmou.

Cruzeiros do Norte, que celebra os 40 anos de desfiles, foi o último a apresentar-se. Mas o enredo “A dona Matemática governa tudo e rebola no Carnaval”, ficou marcado nas “sete ruas de morada”.

O grupo de Cruz João Évora fez um desfile técnico e correcto, com carros alegóricos bonitos e fantasias fáceis de interpretar, algumas com dose de humor para desmistificar a matemática. E sobretudo mostrou-se disposta a “roubar” o título de campeã do Carnaval.

De ponta a ponta, foi um desfile em que a beleza da matemática, que é a própria linguagem do universo, esteve presente através dos trajes coloridos e criativos e os foliões souberam defender o brilhantismo do grupo. O apuro estético no conjunto de fantasias e alegorias foi outro ponto de destaque.

No primeiro sector, o grupo desvendou a origem do pensamento nos conceitos da numerologia, com a comissão de frente um tripé, o casal de mestre sala e porta-bandeira e com o carro abre-alas representando as composições

O segundo sector, com um carro alegórico, versou sobre o impacto da matemática na vida das pessoas, retratando a forma como se encara e se lida com esse “monstro de sete cabeças”.

O terceiro sector e a sua alegoria retrataram o “paradoxo entre a libertação que o saber dá e o facto da humanidade estar nas mãos da inteligência artificial” e por fim o grupo comemorou os 40 anos do seu primeiro desfile com um bolo gigante que repartiu para os foliões e para o público.

No final do desfile, o presidente do grupo Jailson Juff disse que foi uma grande emoção conseguir colocar o desfile nas ruas porque passaram por muitas dificuldades.

“Fizemos muitos sacrifícios, mas com a nossa matemática, fizemos muitas as contas, demos volta por cima e colocamos o desfile nas ruas. O objectivo era isso e graças a Deus conseguimos fazer um desfile para ser candidato à vitória do Carnaval em São Vicente”, prognosticou.

Hoje, quarta-feira, à tarde, haverá o apuramento dos prémios do Carnaval de São Vicente.

A Semana com Inforpress

14 de fevereiro 2024

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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
9 days 12 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
11 days 10 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
19 days 9 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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