O ’stock’ das reservas internacionais cabo-verdianas aumentou em 103 milhões de euros até junho, em termos homólogos, impulsionado pela retoma turística e cobrindo mais de sete meses das necessidades de importações, segundo dados oficiais.
De acordo com dados de um recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV) com indicadores económicos e financeiros, compilados hoje pela Lusa, as reservas internacionais líquidas do país atingiram em 30 de junho de 2022 os 620,6 milhões de euros, "passando a garantir 7,1 meses de importações de bens e serviços estimadas para o ano de 2022".
"O stock das reservas oficiais no período homólogo permitia garantir 6,6 meses das importações de bens e serviços", lê-se ainda.
Segundo a mesma fonte, esta recuperação, com a melhoria das contas externas, justifica-se, nomeadamente, face à retoma da procura turística - a principal forma de arrecadação de divisas pelo arquipélago - desde o último trimestre de 2021.
"Dados disponíveis apontam, no segundo trimestre, para uma contínua melhoria das contas externas face ao trimestre homólogo", acrescenta o relatório.
Apesar da "esperada deterioração da balança de bens e redução dos influxos líquidos de financiamento para a economia", devido à "queda dos desembolsos líquidos da dívida pública, com o esperado aumento das amortizações de capital da dívida", o BCV também reconhece que "a evolução das contas externas em termos homólogos, no segundo trimestre de 2022, deverá beneficiar novamente de um excedente na balança de serviços, em função do aumento que se espera nas exportações de serviços, sobretudo, nas receitas provenientes de viagens de turismo e de transportes aéreos no contexto da contínua retoma do turismo no país".
É que na previsão do banco central feita em abril, o BCV, prossegue a Lusa, admite uma redução de 94 milhões de euros até final do ano nas reservas internacionais do arquipélago só face ao agravamento défice da balança comercial provocado pelo aumento dos preços, causado pela guerra na Ucrânia.
De acordo com dados do relatório de política monetária do BCV, apesar dessa redução, o ’stock’ das reservas internacionais líquidas de Cabo Verde deverá "garantir 5,8 meses das importações de bens e serviços projetadas para 2022".
Cabo Verde terminou 2021 com 65.630 milhões de escudos (595,6 milhões de euros) de reservas internacionais líquidas, um aumento de 2,7% face a 2020, que então representou uma queda de 12,4% tendo em conta os dados do ano de 2019, em que esse ’stock’ foi de 72.912 milhões de escudos (661,7 milhões de euros).
O arquipélago não tem capacidade de refinação e importa todos os combustíveis de que necessita, incluindo para a produção de eletricidade (para produzir quase 80% da eletricidade), além de 80% de todos os alimentos que consome, compras fortemente condicionadas nos últimos meses devido às consequências da guerra na Ucrânia, segundo dados do Governo.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do PIB do arquipélago - desde março de 2020, devido às restrições impostas para controlar a pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento económico de 7% em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística no quarto trimestre.
Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022, escreve a Lusa.
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