A ausência de técnicos da delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente e do Parque Natural do Fogo (PNF) no workshop de validação do plano de monitorização da vegetação do parque foi hoje criticada por Nuías Silva.
Na qualidade de presidente em exercício da Reserva Mundial da Biosfera, Nuías Silva, que é também presidente da Câmara Municipal de São Filipe, mostrou-se incomodado com a ausência de representantes destas instituições naquilo que considerou de “um importante evento”, sublinhando que a ausência representa “sinais de que as instituições não estão convergentes”.
Segundo a mesma fonte, é necessário sentar-se à mesma mesa e discutir aquilo que divergem as partes e alinhar naquilo que converge e avançar, lembrando que as pessoas não são eleitas e nomeadas para cargos para “brigarem umas com as outras”, mas para trabalhar e que mesmo não estando de acordo tem de ter a capacidade dialogar e convergir em determinadas matérias.
“Não podia ser cínico e não reconhecer esta ausência”, referiu o presidente em exercício da Reserva da Biosfera, que apelou a todos para serem capazes de trabalhar os instrumentos, adiantando que não lhe interessa saber se o plano de monitorização que se apresentou para discutir é um instrumento validado com publicação no Boletim Oficial (BO).
“O que me interesse é que não havendo nenhum plano, temos um instrumento para discutir e espero que depois de consensualizado com a sociedade civil haja um caminho administrativo a percorrer para a conformação da vontade política”, disse.
Nuías Silva avançou que sempre que recebe convites da Associação Projeto Vitó associa-se aos seus eventos, como forma de reconhecer o “importante papel” desempenhado por esta organização não-governamental em matéria de desenvolvimento do município, da ilha e do País.
Para o mesmo, havendo dificuldades em reconhecer o trabalho que alguns intervenientes desenvolvem haverá dificuldades em poder construir o futuro, lembrando que este é construído por todos, seja pelo poder institucionalizado e pelos obreiros da construção da nação, como as organizações, associações e instituições.
“Somos Reserva Mundial da Biosfera, mas o reconhecimento enquanto reserva exige de todos a capacidade de sentar à mesma mesa e poder criar os instrumentos necessários para a potenciação dessa classificação”, referiu Nuías Silva, lamentando que volvido quase dois anos após a classificação das ilhas do Maio e Fogo como reserva a mesma ainda não saiu de papel.
Indicou ainda que reconhecer isso não é tirar o mérito da classificação, mas demonstra a necessidade de se sentar para desenhar os instrumentos e avançar, sublinhando que “nem a ilha do Maio, nem a ilha do Fogo sequer tem ainda o logo-tipo da Reserva da Biosfera, para não falar de um plano de trabalho”.
Na qualidade de presidente assume a quota parte de culpa, mas adianta que tem insistido para a realização das reuniões e que esta competência cabe a uma entidade dentro da reserva.
A validação do plano a nível de pessoas que interagem com estes instrumentos é, segundo Nuías Silva, “fundamental” para preservar e monitorar a biodiversidade, que é uma fonte de riqueza, quer ligado ao desenvolvimento de um turismo sustentável e à natureza, mas da forte relação que existem com o meio ambiente e aquilo que se pode projetar, através da sua conservação.
Enquanto for presidente da Reserva, salientou, está a contar com a envolvência do Projeto Vitó, observando que uma das ideias era propor que esta organização não-governamental pudesse assumir um papel de “maior relevância” dentro da Reserva da Biosfera, na componente executiva, e não criar coisas que já existem.
O plano de monitorização da vegetação do PNF tem como objecto fazer o seguimento das populações de espécies ameaçadas, acompanhar a evolução das tendências e das causas antrópicas de degradação da vegetação que derivam das atividades económicas das comunidades, assim como das causas naturais de degradação da vegetação.
Outro objecto é garantir a conservação dos principais sistemas, contribuir para a restauração das fitocenoses em estado de degradação no interior do Parque e nas suas zonas de amortecimento e formar e capacitar membros das comunidades locais e de outros parceiros em matéria de gestão dos recursos fitogenéticos e de gestão participativa.
O diretor executivo do Projeto Vitó, Herculano Dinis, disse que a Direção Nacional do Ambiente, o Parque Natural e a Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente foram convidados a participarem e a presidir a abertura do workshop.
A Semana com Inforpress
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