O presidente da Câmara Municipal de São Filipe (CMSF), ilha do Fogo, Nuías Silva, destaca em entrevista exclusiva a esta edição Especial do Assemanaonline que a sua equipa tem como ambição transformar a cidade dos sobrados num município atrativo e competitivo com foco acentuado na retoma da economia local, criando condições para que haja investimentos dos emigrantes, sobretudo por parte daqueles que residem nos EUA. Apostando numa visão promissora para o futuro do concelho, o edil, que foi questionado por este primeiro diário cabo-verdiano em linha sobre a celebração de Nhô São Filipe e do centenário da cidade de São Filipe, que culminam com o ato central da festa da Bandeira no primeiro de maio próximo, fez questão de realçar que o seu executivo está a trabalhar na transformação desse município, conforme tinha proposto no período eleitoral, em 2020. Defendendo o «slogan» da sua campanha eleitoral “São Filipe uma cidade para visitar, viver e amar”, Silva garante que a sua equipa está a criar uma relação de proximidade com as pessoas que querem investir na ilha, mas também com aqueles que pretendem conhecer a história e a cultura desta cidade. O autarca adianta ainda que estão a celebrar a festa do 1º de Maio sob o signo da mudança para um município competitivo e que está em processo de transformação com uma visão arrojada e um pensamento que transmite confiança para um futuro risonho.
Entrevista conduzida por: Maria Cardoso/Redação
Celebração da Festa de Nhô São Filipe com foco na retoma da economia local
A Semana - Com que visão a Câmara Municipal que preside está a celebrar a festa de Nhô São Filipe e o primeiro centenário da cidade dos sobrados?Nuías Silva - Nós estamos a celebrar estas festas de Nhô São Filipe com foco muito acentuado na retoma da economia local da ilha e do município e com uma visão de transformação, conforme tínhamos proposto nas eleições de 2020, ou seja, de transformar São Filipe num município competitivo, produtivo e atrativo. Daí que o nosso slogan é” São Filipe uma cidade para visitar, viver e amar”, precisamente para criar esta relação de proximidade com as pessoas que querem investir na ilha, mas também com as pessoas que querem conhecer e amar a história e a cultura desta centenária cidade. Ao longo de 2022 teremos uma série de comemorações em honra à efeméride do centenário da cidade e esse facto vai ser comemorado ao longo de todo o ano, desde janeiro até dezembro, com epicentro nas festas do município e da bandeira e na semana da cidade, que decorrerá de 5 a 12 de julho.
Mensagem de boas vindas aos visitantes festeiros
Que mensagem dirige aos festeiros/visitantes nesta quadra festiva?
Uma mensagem de confiança e morabeza. Visitar São Filipe durante as festas de Nhô São Filipe é uma experiência única e nós queremos que esses momentos sejam transformados obviamente em experiências capazes de proporcionar não só uma vontade de regressar a São Filipe, mas também em convidar outras pessoas a visitar a cidade dos sobrados, que é património nacional e integra a lista indicativa a património mundial da humanidade apresentada por Cabo Verde à Unesco, a segunda urbe nacional a ser povoada depois da Cidade Velha, em Santiago. Daí que a mensagem que queremos transmitir é: visitem a cidade e desfrutem das festas, mas também estejam atentos às oportunidades de investimento no município.
E em relação aos emigrantes, com destaque para os que vêm dos Estado Unidos, que mensagem quer deixar?
Deixo uma mensagem de boas-vindas à terra natal. Os emigrantes são para nós a força da transformação deste município. Contamos muito com os emigrantes, sobretudo na atração de investimentos diretos para realizarmos o sonho de um São Filipe grande. Os emigrantes têm grandes valências e capital acumulado que podem servir aos interesses do desenvolvimento de São Filipe e, ao mesmo tempo, proporcionar-lhes retorno financeiro pelos investimentos que fizeram. Nós estamos a criar as condições propícias e fundacionais para que os investimentos dos emigrantes em S. Filipe tenham o devido retorno e que atraiam, por isso, cada vez mais emigrantes. Daí que para nós os emigrantes, sobretudo os dos EUA, mas também da Europa, são uma questão importante da política interna do município: vemo-los com os olhos com que também vemos os munícipes que estão internamente e é por isso que nós estamos a desenvolver e vamos lançar até ao final deste ano uma plataforma de prestação de serviços para os emigrantes. Serviços que normalmente prestamos aos nossos munícipes aqui, vamos disponibilizá-los através de uma loja online da Câmara Municipal de São Filipe para os nossos emigrantes e porque não em parceria com as associações nos EUA e na Europa poder também ter dentro dessas associações um balcão eletrónico onde o emigrante pode contactar diretamente a Câmara Municipal de São Filipe e também tirar todos os documentos e fazer toda a tramitação eletrónica dos seus processos e pedidos, mesmo estando lá fora.
Projetos estruturantes realizados e em curso
Que balanço faz do seu desempenho na Câmara Municipal com destaque para medidas ou projetos estruturantes realizados ou em curso, nomeadamente no setor das infra-estruturas?
Nós já iniciamos o processo da infra-estruturação do município. O maior problema do nosso município é que São Filipe no mandato passado tinha um pensamento curto e de pequenas obras, não de grandes obras que pudessem catapultar o município para um índice de competitividade com outros municípios na atração de eventos capazes de gerar externalidades na economia local. Mas nós projetamos e já iniciamos a construção do novo estádio 5 de julho, um estádio moderno e certificado pela FIFA e com as dimensões certas para receber jogos internacionais e servir não só como estádio municipal, como também como um estádio regional na região mais a sul do país. E estamos a nos posicionar para receber vários eventos desportivos, à semelhança da Praia e do Mindelo e com isso a economia local vai se desenvolver.
Temos a piscina municipal, vamos fazer o arranque das obras no dia 29 deste mês na presença do senhor Primeiro-ministro. É uma obra única no país, porque São Filipe é o primeiro município a construir uma piscina municipal para não só promover a natação desportiva no concelho e na ilha, como também para atrair competições. Nós estamos confiantes em que no ano que vem poderemos receber aqui em São Filipe as provas nacionais de natação e com isso estaremos a atrair todos os municípios para a ilha do Fogo. Se não tivermos infraestruturas não teremos capacidade para acolher grandes eventos e obviamente a nossa economia continuará pequena. Nós também já projetamos a construção de um pavilhão desportivo moderno para todos os desportos de salão. Neste momento, em diálogo com o governo e a ASA estamos a realizar as obras de requalificação do Aeródromo de São Filipe. Há uma densificação do trabalho de requalificação do centro histórico de São Filipe com uma nova pavimentação em calçada basáltica paralela, está em curso também a asfaltagem de algumas artérias da cidade e a criação de zonas comerciais pedonais. Tudo isto irá incrementar a dinâmica cultural, económica e social do município, tornando-o mais atrativo, quer para as pessoas viverem, quer para o comércio. Outro grande projeto é a desactivação da lixeira municipal, que constituí um grande passivo ambiental que nós temos no município, situado a escassos metros do hospital. Trata-se de um problema que não foi resolvido pela equipa camarária do mandato anterior, que esteva em funções até 2020. E nós, depois de tomarmos posse, através de uma parceria inter-regional, iniciamos o processo em dezembro e já no próximo mês de junho estaremos em condições de definitivamente selar a lixeira de São Filipe, que é criticada por todas as pessoas, e inaugurar o aterro controlado em Monte Genebra. É um fato que marca obviamente o nosso primeiro ano de mandato. Estamos com várias outras iniciativas de infraestruturação do concelho, nomeadamente a requalificação de toda a zona de Cruz de Passo para criar uma nova centralidade, e ainda inaugurações de várias praças e a abertura da biblioteca municipal, que esteve desativada durante mais de quatro anos. Ou seja, no quadro das festas deste ano vamos fazer a reabertura da biblioteca num espaço digno e nobre, dentro da cidade. Tudo com o objetivo de transformá-la numa biblioteca especializada em literatura nacional e local, essencialmente para a valorização da nossa cultura e da nossa língua. Nós estamos a fazer todo esse trabalho numa perspetiva de transformar São Filipe num município competitivo e atrativo, quer para os turistas quer para os investidores.
Extensão universitária para o ano letivo 2022-2023
A nível do ensino, que medidas importantes a sua câmara tomou?
A nível do ensino, nós tínhamos prometido durante a campanha eleitoral que iríamos mobilizar todos os esforços para trazer o ensino superior para São Filipe. E em um ano e quatro meses de mandato, enquanto presidente da Associação dos Municípios do Fogo e Brava, assinamos um protocolo nesta área com o governo. Iniciamos um intenso diálogo com a Universidade de Cabo Verde e no âmbito desta parceria tripartida (Associação dos Municípios do Fogo e Brava, Governo e Universidade de Cabo Verde) há um compromisso firme para a instalação de um polo da Universidade de Cabo Verde em São Filipe para servir a região Fogo e Brava. Já temos o local identificado para a sede administrativa do referido polo e a nossa intenção é que no ano letivo 2022-2023 poderemos estar a arrancar com o ensino superior na ilha do Fogo.
Assistência familiar em tempos de pandemia e guerra na Ucrânia
Falemos agora das medidas importantes que a CMSF tomou no plano social para fazer face ao impacto das crises provocadas pela seca, pandemia da Covid-19 e agora pela guerra na Ucrânia?
A nível social, nós temos trabalhado amplamente na prestação de assistência familiar. A Câmara Municipal tem desenvolvido um intenso trabalho de apoio às famílias mais vulneráveis, tendo em conta o aumento exponencial dos preços dos produtos. Atribuímos mais de 150 cestas básicas todos os meses às famílias em extrema dificuldade, para além de apoios avulsos. Atribuímos ainda subsídios monetários para apoio e assistência familiar. Nós temos vários cuidadores que estão a trabalhar na assistência às famílias, sobretudo às pessoas de terceira idade. Estamos igualmente a trabalhar intensamente na reabilitação de habitações sociais. No quadro das festas do 1º de maio, vamos inaugurar dezenas de habitações remodeladas e requalificadas um pouco por todo o município. Mas também lançamos o projeto «Nha Casa», que contempla nesta primeira fase 64 habitações, as quais vão ser remodeladas até ao final deste ano. E é um apoio extremamente importante para a redução do défice qualitativo de habitações que existe no nosso município. Ainda a nível social, temos trabalhado com grupos vulneráveis no quadro do projeto “Vida”, que tem a ver com a reorientação dos jovens para atividades de voluntariado e outras que dão mais sentido à própria utilidade da vida. Mas também estamos a trabalhar com o Governo para a criação de um centro de recuperação de toxicodependentes, tendo em conta o grande problema que temos com o alcoolismo a nível da juventude no concelho.
Apoio à saúde com ambulância e clínica móvel
Pode enumerar as ações desenvolvidas a nível da saúde?Na área da saúde apoiamos as pessoas com medicamentos, e também com evacuações de pessoas para a cidade da Praia. Temos prestado assistência a várias pessoas, através de uma clínica móvel de saúde, que é a única no país e que leva a saúde às comunidades. A Câmara Municipal de S. Filipe, através de parcerias com médicos especialistas, leva todos os fins-de-semana consultas para várias comunidades, ajudando as pessoas que, sem esse tipo de serviço, não teriam acesso a uma saúde de qualidade ou a serviços especializados. Isso tem servido para melhorar o índice de acesso à saúde de populações vulneráveis. Também adquirimos uma ambulância nova, que tem apoiado o hospital regional e até na evacuação para a capital do país por via marítima.
Apoio aos jovens na formação profissional e nos negócios para fomentar o autoemprego
Em relação ao empreendedorismo jovem, incluindo a formação profissional, o que a Câmara Municipal de S. Filipe tem feito no seu mandato?
Temos apoiado muito a formação dos jovens, nomeadamente a formação profissional. Há vários alunos do Centro de Emprego e Formação Profissional que são apoiados diretamente pela Câmara Municipal de S. Filipe na formação e também no transporte escolar. Ainda a nível do empreendedorismo, nós também criamos e inauguramos uma incubadora municipal que pretende trabalhar com jovens e suas ideias, criando oportunidades de negócios para fomentar o auto-emprego e combater o alto nível de desemprego que que nós temos na juventude. Em parceria com a Câmara de Comércio de Sotavento estamos também a implementar ações nesta incubadora para fomentar o empreendedorismo. Trata-se de uma obra que foi financiada pelas Nações Unidas, através da Cooperação Luxemburguesa.
Importação de raça melhorada, mobilização de água para rega e modernização da agricultura
São Filipe tem fortes potencialidades a nível da agricultura e pecuária. O que o seu executivo tem feito para desenvolver e modernizar esse setor de atividade?
Na área da agricultura e pecuária nós temos trabalhado tendo sempre em conta a seca e o mau ano agrícola, que têm afetado o município e o país nos últimos anos. Nós temos trabalhado na perspetiva curativa e preventiva, dando aos criadores de gado e agricultores as condições mínimas para poderem ultrapassar este período difícil de seca e mau ano agrícola, nomeadamente na componente salvação de gados e geração de emprego público, tendo em conta que não se produziu muita coisa por falta de chuva. Por isso, efetuamos todos os meses a distribuição de milho, fazendo com que as pessoas tenham acesso ao milho. Tem sido um apoio muito útil, porque em várias alturas o milho escasseou e foi a Câmara Municipal que socorreu os criadores de gado. Também abrimos várias frentes de obras em várias localidades para permitir às pessoas que dependem da agricultura ter acesso ao trabalho e a um rendimento que lhes permitam fazer face às dificuldades atuais. Temos igualmente um projeto grande na área da pecuária, no qual vamos começar a trabalhar, em breve, através de uma visita que vamos fazer às Ilhas Canárias, nomeadamente a Forte Ventura, para a importação de raça melhorada para cruzamento com a raça que temos em S. Filipe, de modo a que os nossos criadores possam ter menos animais com maior produção. Isto porque são animais de raça melhorada e assim os nossos criadores vão ter , o que proporcionará maior nível de sustentabilidade e de ganho aos nossos criadores através da produção aumentada, mas também para que possamos ter matéria-prima para abastecer as nossas unidades semi-industriais na produção do famoso queijo do Fogo e de todos os derivados do leite e da pecuária da ilha.
Estamos a trabalhar com a Água Brava e com outra cooperação na mobilização de água e também na modernização e empresarialização da agricultura. É uma pena termos um centro de transformação agro-alimentar, que foi construído e inaugurado em 2015, mas que desde 2016 encontra-se desativado pelo Governo. A Câmara Municipal de S. Filipe já manifestou a vontade de reparar e operacionalizar esta importante infraestrutura, que está equipada para servir de intermediário entre o produtor e o mercado através da agregação de valor dos produtos agrícolas do Fogo para a sua exportação para os mercados das ilhas turísticas de Sal e Boa Vista e também para Santiago, bem para a nossa diáspora, nomeadamente nos EUA.
Visão de um São Filipe modernizado e competitivo
Com que visão projeta o município de São Filipe nos próximos anos?
Com uma visão de um município com índice de desenvolvimento muito superior ao índice atual. Nós projetamos ter daqui a quatro anos, no final do nosso mandato, um município modernizado com infra-estruturas competitivas, um município mais atrativo e muito produtor, capaz de gerar oportunidades para os jovens que antes podiam estar numa franja não produtiva, trazendo-os para uma franja produtiva e contributiva para o processo de desenvolvimento local. Nós estamos a ver esse São Filipe grande, capaz de competir a nível nacional e de ser uma alternativa clara em termos de turismo e de atração de investimentos em relação às ditas ilhas turísticas, através de uma oferta diversificada, baseada e certificada pela própria natureza.
Aposta na infraestruturação económica e desafio de convencer o governo a terminar as obras inacabadas
Quais as principais apostas da Câmara Municipal de S. Filipe e os desafios a vencer?
As principais apostas da Câmara Municipal de S. Filipe são a infraestruturação económica do município e a formação e capacitação dos jovens. A juventude, as mulheres e os emigrantes são a força motora do desenvolvimento do Fogo e de São Filipe, em particular. Daí que nós queremos investir na infraestruturação do município para criar oportunidades aos emigrantes no sentido de investirem na sua própria ilha e terem o retorno dos investimentos realizados. Queremos atrair o polo universitário para gerar externalidades à volta do ensino superior e impactos positivos para a economia local, mas também para qualificar os nossos jovens, dando-lhes oportunidades, quer em termos de formação técnico-profissional, quer em termos de formação superior avançada. No tocante às mulheres, queremos criar oportunidades para a criação de várias cooperativas produtoras nas zonas agrícolas e rurais para fomentar aquilo que é o reforço da coesão social, porque sabemos que as mulheres têm um papel muito importante na estrutura familiar do nosso município, desempenhando um papel triplamente importante, na vertente económica, formativa e educativa. Temos o desafio de poder convencer o Governo a terminar as grandes obras que se iniciaram e pararam em 2015. Falo do projeto do Aeroporto Internacional de São Filipe. Já se deu à remodelação do aeródromo, mas precisamos avançar rapidamente para a expansão da pista para uma dimensão que permita a realização de voos internacionais. Falo também dos investimentos necessários a serem realizados no Porto de Vale dos Cavaleiros, enquadrados na segunda fase de expansão desse cais. Tudo com o objetivo de permitir a atracagem de navios de grande porte, assim como a importação direta de produtos do estrangeiro para o nosso comércio local. A nossa proposta visa também criar condições para acolher navios cruzeiro, que escalam o nosso porto, mas que ficam ao mar largo porque não há condições para as pessoas desembarcarem e dar um contributo para a nossa economia. Falo igualmente do cais de pesca, pois já investimos muito nesse setor com a aquisição de embarcações e a dinamização de cooperativas produtivas, mas precisamos que o Governo melhore o cais existente, porque é um cais que tem problemas de assoreamento e precisamos de trabalhá-lo para servir de fato a ilha e a região. Também falo da conclusão do Anel Rodoviário do Fogo, nomeadamente a conclusão do eixo que vai de Patim até à cidade de Cova Figueira e depois de Cova Figueira até Campanas, para se fechar o mesmo anel, passando pelo concelho dos Mosteiros. Isto teria um impacto enorme não só no turismo, como também em todo o sistema de produção da ilha do Fogo.
O que espera dos empresários e emigrantes no processo do relançamento económico e social do município?
Nós esperamos muito dos nossos emigrantes e empresários locais. Queremos que sejam arrojados e tenham grandes projetos de investimentos para que, a partir de São Filipe, possamos abastecer o mercado nacional. Podemos ter grandes armazéns para acolher produtos importados dos Estados Unidos da América. Os empresários poderiam depois distribui-los para o comércio geral. Eu vejo os nossos emigrantes e empresários como parceiros ativos no processo de desenvolvimento do concelho de São Filipe. Estamos a contar com eles para transformarmos Fogo numa ilha competitiva e numa região pujante.
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