A extracção de jorras em Cabeça Fundão e correcção ambiental em Chã das Caldeiras são assuntos que o presidente da câmara de Santa Catarina do Fogo pretende analisar, hoje, com a Direcção Nacional do Ambiente.
Em declarações à Inforpress antes do encontro, o edil de Santa Catarina do Fogo, Manuel Teixeira, criticou a Direcção Nacional do Ambiente pela decisão de suspender de forma unilateral a extracção de jorra, material utilizado na construção civil, no Parque Natural do Fogo.
Decisão que, segundo o autarca, desencadeou uma série de problemas ambientais, económicos e sociais no município.
Manuel Teixeira revelou que a Direcção Nacional do Ambiente emitiu a ordem de suspensão de extracção de jorra sem consultar a câmara e “ignorou” os impactos da medida.
Acrescentou que desde a suspensão, a câmara identificou mais de sete pontos ilegais de extração ao longo das estradas do Parque Natural do Fogo.
“A decisão da Direcção Nacional do Ambiente foi mais prejudicial do que a própria extracção controlada que fazíamos. Agora, o problema está espalhado e sem fiscalização", afirmou o autarca.
A mesma fonte sublinhou que a suspensão também afectou a economia local com “dezenas de trabalhadores, especialmente jovens, a ficarem sem emprego” e com pistas de produção de blocos paralisadas, e que o município registou uma queda abrupta no desenvolvimento.
Perante a ausência de resposta por parte da Direcção Nacional do Ambiente à solicitação da câmara, Manuel Teixeira disse que a extracção de jorra foi reaberta e está aberta neste momento pelo município.
Lembrou que esta é uma competência municipal e que está a ser realizada com “responsabilidade e preocupação ambiental”.
“Temos capacidade para gerir esta atividade com um alto grau de profissionalismo e com responsabilidade. Estamos abertos ao diálogo, mas exigimos respeito institucional”, disse Manuel Teixeira, que considerou que “não se pode deixar a população morrer por decisões políticas mal planeadas”.
Além da questão da jorra, o edil de Santa Catarina do Fogo denunciou a “falta de acção” da Direcção Nacional do Ambiente em relação a outros problemas ambientais no município.
Apontou como exemplo a não correcção ambiental das “muitas crateras” criadas e deixadas pelas obras da construção da estrada pela empresa Elevo que, apesar de ser do conhecimento da Direcção Nacional do Ambiente e dos vários pedidos da câmara para sua correcção, ainda continua.
Outra questão que deve ser analisada no encontro de hoje com a Direcção Nacional do Ambiente está relacionada com a demolição do estaleiro de obras em Chã das Caldeiras.
Segundo mesma fonte, a Direcção Nacional do Ambiente insiste em demolir a estrutura, mas o proprietário do terreno e a câmara defendem sua manutenção, alegando que não há impacto ambiental e que o espaço pode ser usado para agricultura.
"Nenhum estaleiro das obras na ilha foi demolido. Por que só este", questionou Manuel Teixeira que acrescentou que a partir de agora a câmara não aceita decisões unilaterais que afetem Santa Catarina sem a participação da edilidade.
"Respeitamos as instituições, mas exigimos o mesmo respeito", referiu o autarca, que reforçou que a câmara está disposta a colaborar na correcção de danos ambientais em Chã das Caldeiras, desde que incluída no processo decisório.
A equipa da Direcção Nacional do Ambiente, encabeçada pela sua directora, está na ilha para vistoriar os locais afectados e a câmara aguarda uma resposta formal sobre as demandas apresentadas.
Estas incluem a retomada regulamentada da extracção de jorra e soluções para as crateras criadas e abandonadas no interior da Caldeira.
A Semana com Inforpress
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