terça-feira, 20 maio 2025

A ATUALIDADE

Boa Vista: Aparição invulgar de tubarões-tigre adultos ligada a baleia morta na costa – observadores

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A aparição rara, esta semana, de cinco tubarões-tigre adultos, associada a baleia morta na zona costeiras da Boa Vista, foi foco da atenção das observações da Bios Cabo Verde e do projeto de Biodiversidade da ilha Sal.

Em declarações à Inforpress, o presidente da Bios Cabo Verde (Bios.CV), Elton Neves, indicou que a primeira aparição foi no sábado, 03, e mesmo com escassa visibilidade da água, conseguiram observar, através de drone, três tubarões-tigres adultos na zona leste perto da praia de Ervatão.

E na quarta-feira, 04, numa outra ocasião, foram observados mais dois tubarões-tigres no mesmo lugar, e ainda mais quatro tubarões-limão na zona da praia de Derrubados, da Zona Norte.

“A causa do aparecimento desses tubarões-tigre, que destacamos ser bastante especial, foi aquela baleia que surgiu morta na costa, e saiu já em estado de decomposição”, afirmou Elton Neves.

Segundo o mesmo, provavelmente a baleia morreu no mar e foi arrastada pelas correntes, e isso atraiu esses tubarões por serem necrófagos.

Elton Neves aponta que desde de 2023, quando a Bios. CV iniciou as observações, em colaboração com o projecto de observação da Biodiversidade do Sal, que conta com o apoio da Loro Parque, para expansão da área observada, tinham visto essa espécie de tubarão apenas uma vez, e no alto-mar, o que torna “raro e especial” essa observação.

O presidente da Bios.CV ainda apontou o fato de ser uma espécie que tem sofrido muita pressão humana, por ser “bastante temido”, sendo que muitos pescadores fazem questão de os matar e ainda se orgulham disso, pelo que chamou a atenção para a sua importância no ecossistema.

“Na verdade, ele é superimportante para o ecossistema, porque é um necrófago, um dos mais importantes, que tem um trabalho fundamental de manter o oceano limpo, como este exemplo dessa baleia morta, poderia estar a proliferar doença na praia, e esses tubarões mesmo limparam.”, afirmou.

Pelo que Elton Neve afirmou que esse aparecimento trouxe “muita esperança”, já que tem interesse em preservar essa espécie, apesar da situação dos tubarões não estar “tão critica” na ilha da Boa Vista.

O mesmo disse que se está a tempo de proteger “um dos maiores berçários” de Cabo Verde e da costa da África, que é a baía de Sal Rei.

E alertou sobre a pesca, principalmente de iscos, dos peixes pequenos das quais as crias de tubarões se alimentam dentro da baía, e também sobre a pesca de tubarão, já que é fundamental preservar essa espécie.

 

A Semana com Inforpress

Piskador Praia
Menos seminários, mais campanhas: os tubarões não falam inglês técnico
Chega a ser irritante — sempre os mesmos senhores das ONGs, fundações, e "projectos de biodiversidade" a aparecer nas notícias para protestar, apontar o dedo, soltar comunicados... mas quando é hora de fazer trabalho de base, de sujar as mãos no terreno com campanhas que realmente cheguem às pessoas, evaporam como bolha de sabão.

É bonito ir a seminários, dar entrevistas à Inforpress, fazer vídeos de drone e falar do “aparecime nto especial do tubarão-tigre” — como se fossem caçadores de unicórnios. Mas onde estão as campanhas na televisão pública? Onde estão os spots nas rádios comunitárias? Onde estão os vídeos no TikTok e Facebook a explicar aos pescadores e à população que um tubarão bebé não é um “cação” para fritar com arroz?

Eu, pessoalmente, já libertei vários tubarões pequenos durante pesca de linha ao longo da costa. Sei distinguir um cação verdadeiro — que é uma espécie à parte — de um tubarão juvenil que ainda nem teve tempo de cumprir o seu papel no ecossistema. E não preciso de mestrado em ciências marinhas para isso, só bom senso. Mas o pescador que vive do que apanha, que não teve acesso a formação ou literacia ecológica, vai continuar a matar o que apanha… a menos que alguém lhe diga e mostre porquê não o fazer.

E isso, senhores da Bios.CV e outras organizações, é a vossa responsabilidad e. Não é fazer observações passivas e “alertar para a importância da espécie”. Isso qualquer um faz. O que falta é acção concreta: ir ter com as comunidades piscatórias, explicar com imagens, falar no crioulo, usar os meios locais, fazer campanhas que não falem para os pares académicos, mas para quem está no barco.

E se querem mesmo preservar a espécie, não é com comunicados líricos sobre esperança e necrofagia. É com trabalho duro, visível e constante. Porque a verdade é esta: se o povo não souber distinguir um tubarão de um cação, vão continuar a matá-los todos — e vocês vão continuar a fazer de conta que estão a fazer alguma coisa.

Querem salvar os tubarões? Desçam da torre de marfim e venham meter os pés na areia.

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