Pelo menos 100 postos de abastecimento de combustível foram vandalizados desde outubro, o início dos protestos pós-eleitorais em Moçambique, avançou hoje o Governo, assegurando, no entanto, que há “stock” suficiente para os próximos três meses.
“Não há falta de combustíveis no país, há sim restrições de movimentações de combustíveis dos terminais oceânicos para os postos de abastecimentos. O país tem combustíveis para os próximos três meses”, disse o diretor nacional de hidrocarbonetos, Moisés Paulino, em declarações à comunicação social.
Maputo está a enfrentar uma crise de combustíveis devido à tensão social após o anúncio dos resultados das eleições gerais, com a generalidade dos postos encerrados e os poucos que funcionam com filas de centenas de metros, reportou a Lusa na sexta-feira.
O diretor nacional de hidrocarbonetos assegurou que está em curso em todo o país o processo de reposição de ‛stockˊ nos postos de abastecimento de combustíveis, com as Forças de Defesa e Segurança a garantir a circulação de camiões que transportam os combustíveis até aos postos.
“Há um restabelecimento gradual na cidade de Maputo, Matola e estamos também a fazer transporte para a cidade de Xai-xai [ província de Gaza]. Na cidade de Pemba [Cabo Delgado] estamos a finalizar o descarregamento do navio que esteve lá (...) Noutras províncias há este desafio, mas gradualmente os camiões estão a sair dos terminais oceânicos de uma forma segura”, disse Moisés Paulino.
O responsável apontou dificuldades para a distribuição de combustíveis face às manifestações de protesto contra resultados eleitorais proclamados, na segunda-feira, pelo Conselho Constitucional (CC), que confirmaram a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e do candidato que o apoia, Daniel Chapo.
“Desde que este processo de manifestações se iniciou foram vandalizados cerca de 100 postos de abastecimento e, por forma a acautelar, o setor privado foi fazendo restrições no funcionamento dos postos de abastecimento”, esclareceu o responsável.
Num comunicado distribuído hoje, a Associação Moçambicana de Petróleos (Amepetrol) também assegurou que o país dispõe de combustíveis para pelo menos 23 dias, sem risco de rotura de ‛stockˊ.
“Neste momento o país tem stock para 23 dias, portanto não há risco de falta de combustível, fora os navios programados já a caminho do país para o reabastecimento”, lê-se no comunicado da Amepetrol enviado hoje à comunicação social, pedindo o fim do vandalismo durante os protestos.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Os confrontos já provocaram pelo menos 261 mortos desde 21 de outubro de acordo com a plataforma eleitoral Decide.
A Semana com Lusa
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