O director-executivo da Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) em Portugal, José Luís Hopffer Almada, assegurou esta quarta-feira que tudo o que tem a ver com a promoção da língua cabo-verdiana é tarefa dessa organização na diáspora.
Em declarações à Inforpress, o responsável da delegação ALMA-CV em Portugal explicou que a associação tem realizado vários eventos, como a quinzena da literatura, da escrita, da oratura e da cultura em língua cabo-verdiana, a decorrer em Lisboa de 11 de Outubro a 02 de Novembro, organizada em parceria com a Associação Cabo-verdeana (ACV), a Sociedade Cabo-verdiana de Autores (SOCA) e o Grupo Coral Voz Terra.
“Tudo o que tem a ver com a promoção da língua cabo-verdiana é nossa tarefa na diáspora, porque estamos num contexto muito específico que é a diáspora”, concretizou a mesma, mas que, continuou, é a diáspora portuguesa, em que tudo é feito em português, no ensino, passando pelas manifestações culturais, salvo de algumas minorias, diferente de Cabo Verde que tem um contexto social de bilingue.
Segundo José Luís Hopffer Almada, em Portugal a actuaçao ocorre numa sociedade de acolhimento, em que a partir de um certo momento o crioulo deixa de ser a língua materna, passando a ser uma língua segunda.
A partir da terceira ou quarta geração, o crioulo passa a ser uma língua desconhecida, ou seja, nem sequer será a língua segunda.
“Temos de operar nesse contexto muito específico, fazemos o trabalho de promoção e de dignificação da língua cabo-verdiana, mas sempre num contexto bilíngue”, referiu.
Isto porque, indicou, por exemplo, aceita-se que as pessoas façam conferências em português, já que o público para o qual a ALMA-CV se dirigi “muitas vezes não percebe crioulo”, não são só cabo-verdianos, ou seja, são portugueses que vêm assistir às conferências, para além dos descendentes de cabo-verdianos.
Em Portugal, José Luís Hopffer Almada salientou que a associação vai continuar com as suas actividades e, no próximo ano, vai encetar parcerias com entidades portuguesas para organização de eventos “mais consistentes” nos bairros e em outras cidades.
“O objectivo fundamental da delegação em Portugal e da ALMA-CV, em geral, é a oficialização plena da língua cabo-verdiana, de acordo com o artigo 9 da nossa Constituição (…). Há muitos estudos, há dicionários e gramáticas, portanto, há todas as condições para a introdução da língua cabo-verdiana no ensino, de acordo com uma metodologia que não prejudica nenhuma variante”, declarou.
No âmbito da quinzena da literatura, da escrita, da oratura e da cultura em língua cabo-verdiana, no dia 25 de Outubro serão apresentados dois livros de poesia, “N kre ser pueta”, de Andreia Tavares de Sousa, e “Di vos de mudjer pa umanidade”, de Helena Gonçalves Furtado.
No dia 26 acontece uma conferência sobre “A tradução para a língua cabo-verdiana de um soneto de Luís Vaz de Camões pelo poeta lírico cabo-verdiana Eugénio da Paula Tavares”, a ser proferida por Graça Pina, no dia 31, será a vez de uma palestra sobre “Crioulo e português: convívio entre a fatalidade da mútua mutilação e do desafio de um efectivo bilinguismo”, proclamada pelo linguista Hbas-Peter (Lonha) Heilmair.
A quinzena termina no dia 02 de Novembro com a apresentação da obra da Danny Spínola em três volumes intituladas “Angra sagrada”, “Angra divina” e “Angra onírica”.
Antes, e no âmbito da quinzena, aconteceu, de entre outras actividades, uma sessão cultura de homenagem a Eugénio Tavares, a 17 de Outubro, e a apresentação da SOCA-Magazine em homenagem a David Hopffer Almada, no dia 11 de Outubro.
A Semana com Inforpress
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