O engenheiro florestal e coordenador do projecto Reflor – Cabo Verde, executado pelo FAO, José Ferreira de Castro, disse, esta quarta-feira, na Cidade Velha, que as florestas em Cabo Verde poderão ter um “papel fundamental” no aumento de captação de água.
“Se tivermos uma boa floresta, a cobrir todas as nossas bacias hidrográficas, uma floresta reforçada a funcionar como deve ser, nenhuma gota de chuva se perde, porque toda ela é infiltrada e vai reabastecer os poços de onde retiramos a maior parte da água e toda ela vai ficar muito mais filtrada às nossas barragens criadas muito mais condições para fazer a irrigação”, explicou.
Aquele especialista, que falava aos jornalistas à margem da IX Jornada Florestal da Macaronésia, disse, segundo a Inforpress, que esse evento, que reúne cientistas, técnicos e decisores políticos, deve servir para essa chamada de atenção, isto é, de que quanto mais floresta existir, mais agricultura vai existir em Cabo Verde.
“Só pela floresta é que nós vamos conseguir aproveitar integralmente a chuva que cai no país, e mais, se tivermos um bom coberto florestal significativo a própria circulação atmosférica pode levar com que que as massas de nuvens precipitem mais. Portanto, que fica bem vincada essa ideia – que é fundamental a existência da floresta por causa da água que é factor grande limitante das condições de vida em Cabo Verde”, destacou.
José Ferreira de Castro salientou que Cabo Verde ocupa um lugar “muito especial” na Macaronésia, pelo facto de estar integrado na região saheliana, isto, apesar de considerar que as mudanças climáticas afectam todos os arquipélagos.
Por isso, deseja que a jornada sirva para potenciar, ainda mais, esta discussão que está na ordem do dia, isto é, como fazer para fazer face ás mudanças climáticas e que floresta se quer para o futuro.
“Tem de ser uma floresta que vai ter que cumprir um papel importantíssimo porque vai ter que preparar e proteger e dar resiliência ao território para mitigar as alterações climáticas. E, portanto, precisa de ser adoptada recorrendo a novas espécies, a tratamentos diferentes das espécies que já cá estão”, explicou.
Segundo a mesma fonte, o projecto Reflor – CV, executado pela FAO em parceria com o Governo de Cabo Verde, é financiado pela União Europeia e tem por objectivo aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação às alterações climáticas das comunidades rurais nas ilhas do Santiago, Fogo e Boa Vista.
Promover a gestão participada da floresta contra a desertificação, contribuir em 10 por cento (%) para o compromisso nacional de florestação e preservar a biodiversidades, diminuindo perda de habitat e incentivando a regeneração natural dos ecossistemas terrestres são outros objectivos desse projecto, iniciado em 2017 e que tem a duração de quatro anos, conclui a agencia cabo-verdiana de notícias.
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