As rainhas de bateria, que desfilam na terça-feira pelo prémio do Carnaval de São Vicente, buscam uma oportunidade de carreira, guiadas por estímulos diferentes que fazem, por vezes, que pulem de grupo em grupo.
É o caso da veterana no Carnaval mindelense Milla Diogo que ocupou o papel de destaque em quase todos os grupos oficiais, não se prendendo, à priori, a nenhum, pois algo maior a motiva, conduzindo e sendo conduzida pela bateria.
Desde 2014, ainda sem concurso, começou a desfilar primeiro pelo Sonhos Sem Limites, depois passou pelo Vindos do Oriente, em 2023 pelo Flores do Mindelo e este ano representa o Estrela do Mar.
“O amor ao Carnaval de São Vicente motiva-me, pois acho que devo o meu contributo ao Carnaval da ilha e não sinto que devo estar apenas num grupo, pois vou aonde sinto que devo estar”, garantiu à Inforpress a jovem Milla Diogo.
As condições que atraem são os apoios que o grupo coloca à sua disposição para que seja possível concorrer e brincar na festa, já que os trajes e acessórios são dispendiosos. Entretanto, com patrocínios consegue custear o figurino que pode chegar aos 200 mil escudos.
O seu histórico de rainha de bateria abriu-lhe algumas portas e fez da antiga atendente de mesa, numa professora de dança, samba e outros ritmos e oportunidade de participação em eventos e outra visibilidade à jovem.
Já Wendy Freitas, que cresceu a assistir aos preparativos dos enredos na sua zona, pôde, aos 27 anos, concretizar o seu sonho em ser rainha de bateria do Grupo Carnavalesco do Monte Sossego.
Com o Carnaval como tradição na família, esperou até completar os 12 anos para poder desfilar no grupo oficial, apesar de ter participado de todos os ensaios nos anos anteriores.
“Dizia à minha mãe que quando crescer iria desfilar todos os anos e que seria a rainha de bateria do grupo”, explicou a jovem, que disse ter alimentado o sonho ao longo dos anos e que com a “demora” pensou ser um sonho “impossível”. O seu amor à festa e ao seu grupo fez com que se destacasse ao longo dos anos e passou de uma foliã comum à figura de destaque, passista, musa e no ano passado, na sua estreia à frente da bateria, levou o prémio de rainha de bateria do Carnaval de São Vicente.
Mudar de grupo não é opção para esta actual detentora da coroa, que diz identificar-se apenas com o grupo que acompanhou o seu crescimento. Esta recepcionista de uma clínica dentária, depois do papel de rainha de bateria, começou a ser requisitada para trabalhos fotográficos e pretende representar algumas empresas em retribuição aos patrocínios.
Quem o Carnaval também já levou longe foi Andrea Gomes que há seis anos representa o grupo Cruzeiros do Norte e, até nos Estados Unidos, já representou o ‘glamour’ do Carnaval mindelense.
Através de uma agência de moda, a jovem começou a desfilar pelo Cruzeiros, como figura de destaque.
Chegou ao grupo em 2017 e a forma como foi recebida fez com que criasse um apego ao grupo e à comunidade e depois de participar de um concurso de rainha de bateria, passou a ser figura assídua no posto.
Já foi atendente de mesa, trabalhou na limpeza, como diarista, foi recepcionista e hoje trabalha com a imagem.
“Como rainha de bateria passei a ser mais conhecida como modelo publicitária e neste momento consigo sair fora de Cabo Verde para representar São Vicente, faço shows em diversos lugares e para mim deu-me uma mudança incrível para a minha vida”, frisou a jovem.
De uma experiência que disse ter trazido crescimento e amadurecimento, foi eleita como a mais glamorosa e com samba no pé em dois anos seguidos (2019 e 2020) e este ano pretende retomar o prémio e o posto.
“Digo que irei me divertir com todas as minhas forças e quanto mais me divirto, melhor é a minha performance”, sublinhou Andreia Gomes que promete muita garra na terça-feira.
A jovem se afirma como “carnaval de São Vicente”, porém o grupo a quem “dá o sangue” é apenas ao Cruzeiros do Norte, com amor à camisola e com o intuito de criar raízes e uma história.
Como estreante a rainha de bateria do Flores do Mindelo, a manicura Leidy Silveira pretende impactar o público, marcando o seu nome nas sete ruas do Mindelo, por onde o carnaval irá passar.
A jovem que anteriormente desfilou como dama no grupo de Monte Sossego, de passista no Vindos de Oriente e no Cruzeiros do Norte, alcançou o seu sonho este ano com o convite do Flores do Mindelo.
“Eu sou carnaval e acho que não há nenhum problema em desfilar num, ou noutro grupo, porque quem fica a ganhar é o carnaval do Mindelo e desde que saibas chegar e sair de um grupo, está tudo bem”, garantiu a jovem.
Com apoios em materiais para confeccionar a fantasia, feita localmente, Leidy Silveira conseguiu torná-la suportável ao seu bolso.
O seu intuito é aproveitar a visibilidade que o posto de rainha de bateria irá proporcionar-lhe para expandir o seu negócio no ramo da beleza e estética, aperfeiçoar-se e, ainda, lançar-se como modelo fotográfica.
O desfile de terça-feira, 13, do Carnaval 2024, organizado pela Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval – São Vicente (LIGOC-SV), principia às 19:00, no percurso habitual Praça Dom Luís-Rua de Lisboa-Avenida Baltazar Lopes da Silva-Praça Nova-Avenida 5 de Julho.
De acordo com o sorteio da ordem do desfile, o grupo Estrela do Mar será o primeiro entrar na Rua de Lisboa, às 19:00, seguido de Flores do Mindelo (19:30), Monte Sossego (20:00) e Cruzeiros do Norte (20:30).
A Semana com Inforpress
11 de fevereiro 2024
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