A ilha cabo-verdiana do Maio é um “caso de estudo” que está à procura do equilíbrio económico entre a dinâmica dos grandes projetos turísticos e os pequenos negócios locais, disse hoje à Lusa um líder associativo.
“A ilha do Maio é um caso de estudo extremamente interessante, que está como está, mas vai dar o salto”, projetou Jorge Revez, presidente da Associação de Desenvolvimento do Património de Mértola (ADPM), um dos parceiros de um projeto, financiado pela União Europeia, que pretende preparar a ilha para o desenvolvimento sustentável e participado.
Denominado de “Maio 20-25”, o projeto, que termina este ano, está a ser coordenado pela autarquia local, e implementado em parceria com o Instituto Marquês de Valle Flôr e a Fundação Maio Biodiversidade.
As entidades estão a desenvolver há três anos várias atividades na ilha, como capacitação das comunidades locais e realização de estudos para elaboração de uma estratégia turística para os próximos dez anos e aproveitar as oportunidades nas economias azul e verde.
Para “dar o salto”, Jorge Revez disse que a ilha precisa de “projetos estruturantes”, tal como o Little África Maio, o maior empreendimento turístico previsto para Cabo Verde, avaliado em 500 milhões de euros, mas que ainda não saiu do papel.
Lembrando que a ilha tem vindo a perder população nos últimos anos, o responsável entendeu que é necessária uma “dinâmica um pouco mais impactante”, que crie “as alavancas necessárias” para o processo de desenvolvimento.
“O equilíbrio está exatamente entre estas dinâmicas mais alavancadoras, mais estruturantes, e a fragilidade da ilha do ponto de vista demográfico e o facto de ter potencialidades frágeis, mas importantes”, como é o caso de fazer parte desde 2020 da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), mostrou.
Maio é uma pequena ilha, com 14 quilómetros de largura por 25 de comprimento, com cerca de seis mil habitantes, a mais próxima da capital, Praia, em Santiago, com extensas praias de areia branca.
Para o presidente da ADPM, na entrevista à Lusa por telefone, é entre este equilíbrio que é importante pensar o território, daí sublinhar o projeto e dos estudos que estão a ser feitos pelas diversas entidades.
Jorge Revez disse à Lusa que o “dilema” é, independentemente do tamanho dos projetos, se a ilha consegue “arrastar” a economia de pequenos negócios, para evitar problemas sociais, tal como aconteceu na vizinha Boa Vista, após a explosão do turismo há cerca de 20 anos.
“Tem que haver uma mescla entre uma coisa e outra, dependendo do que começar primeiro”, sustentou o presidente da associação portuguesa, que há mais de 20 anos desenvolve projetos na ilha de Santo Antão, a mais a norte do arquipélago, para preparar as comunidades para aproveitar o turismo rural e de montanha.
Em setembro do ano passado, o presidente da Câmara Municipal do Maio, Miguel Rosa, disse à Lusa que a ilha precisa de “um clique” no turismo internacional, para ser um “elemento indutor” dos restantes setores.
A ilha tem um aeródromo e também faz ligações de barco com a cidade da Praia, que há mais de um mês estão condicionadas devido ao assoreamento do cais do Porto Inglês.
A Semana com Lusa
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