Quatro países lusófonos – Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – não recuperaram ainda o nível de desenvolvimento humano que registavam antes da pandemia, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) esta quarta- feira divulgado.
De acordo com o relatório elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que se centra no desempenho dos países entre 2022 e 2023, entre os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por outro lado, apenas a Guiné Equatorial e Moçambique registam progressos no IDH, independentemente de subirem ou descerem nas posições relativas dos 193 países e territórios considerados.
Portugal, por exemplo, ainda que registe progressos no IDH, passando de 0.866 pontos em 2021-2022 para os 0.874 pontos em 2022-2023, cai quatro posições no 'ranking', da 38.ª no índice do ano passado para a 42.ª posição este ano.
Ou seja, ainda que o índice de desenvolvimento humano de Portugal tenha registado progressos, cresceu menos do que outros no grupo de países de Muito Alto Desenvolvimento Humano, que o ultrapassaram no 'ranking' liderado este ano pela Suíça, com 0.967 pontos.
Nos casos da Guiné Equatorial e de Moçambique, os ganhos no índice foram acompanhados por subidas no 'ranking', sendo o desempenho do primeiro dos dois membros da CPLP o mais rápido e expressivo de todos os países da comunidade lusófona.
A Guiné Equatorial ocupava a 145.ª posição no 'ranking', com 0.596 pontos, em 2021-2022 (a mesma posição no IDH de 2019, com 0.592 pontos) e subiu 12 lugares este ano, para a 133.ª posição, com 0.650 pontos.
Moçambique subiu da 185.ª posição no IDH de 2022, com 0.446 pontos, para a 183.ª com 0.461 pontos, desempenho que, ainda assim, está longe de tirar o país do grupo dos menos desenvolvidos do mundo - cujo limiar está fixado nos 0.542 pontos este ano -, mas que o coloca, pela primeira vez desde 1990, acima dos 10 últimos.
O Brasil aparece este ano na 89.ª posição do IDH, no grupo dos países com Alto Nível de Desenvolvimento, com 0.760 pontos, duas posições abaixo da registada no relatório de 2021-2022, quando o índice estava nos 0.754 pontos, e cinco abaixo da 84.ª posição, que ocupava antes da pandemia, em 2019, com 0.765 pontos.
O desenvolvimento humano do gigante sul-americano foi particularmente rápido e expressivo na primeira década de existência do 'ranking', entre 1990 e 2000, mas os seus progressos abrandaram significativamente desde então, sublinhou a equipa do PNUD na pré-apresentação do IDH 2023-2024 aos jornalistas esta terça-feira.
A diretora do PNUD para a América Latina, Michelle Muschett, destacou, em contrapartida, nas declarações aos jornalistas, o facto de o Brasil assumir este ano a presidência do G20, sublinhando o papel das instâncias multilaterais na “consolidação das posições regionais”.
“Isto não é coisa pouca, é fundamental, e a liderança que o Brasil está a exercer de incorporar com muita força a dimensão social na discussão com os países do G20 é imensa, com forte ênfase precisamente na abordagem das desigualdades como uma prioridade, ao lado do resto dos temas que o G20 normalmente acompanha”, sublinhou a responsável.
Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste caem também nas posições relativas que tinham no IDH anterior, assim como a pontuação no índice é menor. Ambos os arquipélagos lusófonos no Atlântico caem 3 lugares, o primeiro da posição 128.ª para a 131.ª em 2023 (com 0.661 pontos) e o segundo da 138.ª posição para a 141.ª (0.613 pontos); um e outro com pontuações abaixo do registo pré-pandemia, 0.665 e 0.625 pontos respetivamente.
A queda de Timor-Leste no ranking é bastante mais expressiva, 15 posições, da 140.ª em 2021-2022 para a 155.ª posição este ano, com 0.566 pontos, contra 0.607 pontos no 'ranking' anterior e 0.606 pontos na tabela de 2019, quando ocupava a 141.ª posição.
Os três estados lusófonos, a que se junta Angola, fazem parte do grupo de países de Desenvolvimento Humano Médio. O comportamento do registo de Angola é semelhante ao português, no sentido em que, não obstante a pontuação do IDH do país em 2022-2023 ser superior à do índice anterior - 0.591 pontos contra 0.586 em 2021-2022 -, a sua posição relativa passa da 148.ª para a 150.ª este ano.
A Guiné-Bissau integra com Moçambique o grupo dos Países com Baixo Desenvolvimento Humano, e, como Angola, também caiu dois lugares este ano, da 177.ª posição para a 179.ª, com a mesma pontuação em ambos os estudos (0.483 pontos) e ligeiramente acima da pontuação em 2019 (0.480 pontos), ano em que ocupava a 175.ª posição do 'ranking' do IDH.
A África do Sul é o país com o mais elevado IDH na África Subsariana, com 0.717 pontos, ocupando a 110.ª posição este ano, uma posição abaixo da registada em 2021-2022. A Somália, com 0.380 pontos, é o último dos 193 países do 'ranking'.
A África Subsariana é, cronicamente, a região com o mais baixo IDH em todo o mundo. Este ano regista 0.549 pontos, um valor praticamente estagnado em relação aos dois índices anteriores (0.547 pontos). O IDH mundial ultrapassa finalmente este ano o registo pré-pandémico, alcançando os 0.739 pontos (contra 0.737 pontos em 2019) e depois de ter caído pela primeira vez na sua história devido aos efeitos da covid em 2020 e 2021.
A Semana com Lusa
14 de Março de 2024
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