O governador da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, Valige Tauabo, disse esta sábado que a presença de homens armados no distrito de Quissanga, no último domingo, provocou “susto na população”, apesar de não ter havido incidentes.
“Os terroristas passaram por algumas aldeias e provocaram susto na população”, afirmou Tauabo, falando num encontro com habitantes de uma das aldeias por onde no domingo passou um grupo de homens armados.
Avançou que a situação voltou à normalidade no distrito de Quissanga e os habitantes que tinham abandonado as aldeias já regressaram a casa.
Na quarta-feira, o administrador distrital de Quissanga, na província de Cabo Delgado, Sidónio Lindo José, confirmou que há circulação de grupos de terroristas nas comunidades mais próximas da sede do distrito, mas espera o regresso à normalidade.
Sidónio José esteve com as lideranças das três aldeias onde se registou a presença de "terroristas", o que precipitou a fuga dos populares, sendo Mussomero a aldeia mais próxima da sede do distrito, a seis quilómetros de distância.
“Conversámos com as lideranças, aquela população que tinha saído para alguns esconderijos voltou, o comércio está a fluir e temos estado a interagir com as lideranças locais para ir serenando os ânimos da nossa população”, disse o administrador.
O dirigente garantiu que a passagem dos terroristas pelas três aldeias não causou danos humanos ou materiais entre a população.
“Não fizeram mal a nenhum membro da população, apenas passaram pelas comunidades que acabámos de mencionar e foram prosseguindo até à ponte sobre o rio Montepuez. Não tivemos alguma notícia sobre o itinerário que tomaram, na noite de ontem [terça-feira]”, concluiu.
Na sexta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou uma posição da Força de Intervenção Rápida (FIR) no distrito de Metuge, província de Cabo Delgado, assolada por ações de grupos armados há mais de seis anos.
“O Presidente Nyusi notou que o ânimo das nossas FDS [Forças de Defesa e Segurança] se mantém resiliente, e, apesar de os terroristas estarem a tentar outras formas de desestabilização, causadas pelo desespero, as nossas FDS estão bem firmes e corajosamente comprometidas com a defesa da pátria e da nossa soberania”, refere a Presidência da República em comunicado.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
A Semana com Lusa
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