Moçambique contava no final de 2023 cerca de 25.000 refugiados e requerentes de asilo, e 850.599 pessoas continuavam deslocadas internamente, sobretudo devido aos ataques de grupos terroristas, indica um relatório do ACNUR consultado hoje pela Lusa.
De acordo com o mais recente relatório de campo do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), com dados até final de 2023, para este quadro contribuiu igualmente o "impacto devastador da crise climática", sendo "Moçambique um dos países mais afetados no mundo".
Além dos ataques terroristas, que provocaram destruição, morte e fuga de populações, sobretudo em Cabo Delgado, norte do país, este balanço reflete a "dupla passagem" do ciclone tropical Freddy em fevereiro e março, "um ano após o devastador ciclone tropical Gombe", que afetou mais de um milhão de pessoas, destruiu infraestruturas e deslocou cerca de 184.000 pessoas.
"Nos últimos meses, 571.468 pessoas regressaram às áreas de origem, muitas das quais carecem de serviços e vivem em condições precárias", lê-se no relatório do ACNUR.
A agência da ONU acrescenta que está a trabalhar em conjunto com os parceiros no terreno e o Governo moçambicano para "fornecer serviços de proteção que salvam vidas e assistência aos refugiados, requerentes de asilo, deslocados internos, repatriados deslocados".
"Bem como às comunidades de acolhimento, aproveitando ao mesmo tempo oportunidades para investir e construir resiliência entre as comunidades e facilitar soluções sustentáveis para o deslocamento", refere ainda, reconhecendo que 571.468 pessoas que retornaram até ao final do ano aos locais de origem vivem sem acesso a serviços básicos.
Além de Maputo, as ações no terreno concentram-se nas províncias a norte, casos de Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado.
Para estas operações de apoio, o ACNUR orçamentou necessidades de financiamento de 47,5 milhões de dólares (43,6 milhões de euros), mas até 15 de dezembro, garantiu apenas 24,2 milhões de dólares (22,3 milhões de euros), 51% do que precisava.
Em dezembro, no âmbito do monitoramento e proteção das famílias deslocadas, os técnicos do ACNUR realizaram entrevistas a 1.561 famílias deslocadas e retornadas em 21 locais de deslocamento, em locais de retorno em cinco distritos de Cabo Delgado.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico e que levaram a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, refere o projeto de registo de conflitos ACLED.
A Semana com Lusa
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