O presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, disse hoje em Lisboa que a paz, a liberdade e a autodeterminação, razão de existir para Amílcar Cabral, é tudo o que neste momento falta no seu país.
"[Cabral] disse que a sua razão para existir é contribuir para que houvesse paz do mundo, liberdade para o seu povo, autodeterminação. É tudo o que nos falta neste momento no país e falar de Cabral deve servir para nos inspirarmos e continuarmos a trabalhar nesse sentido”, disse o líder do PAIGC aos jornalistas, à margem da apresentação da Casa da Cultura da Guiné-Bissau.
Domingos Simões Pereira observou que hoje é “um dia de luto”, que assinala o aniversário do assassinato de Amílcar Cabral, há 51 anos. Ao mesmo tempo, coincide com o lançamento das comemorações do centenário do nascimento” do líder africano.
“Só homens grandes são capazes de nos proporcionar esta mistura de sentimentos. Estamos a fazer luto pelo seu desaparecimento e ao mesmo tempo evocamos a sua vida, para nos inspirarmos naquele legado que nos deixou. Espero que sirva de reflexão”, disse.
Simões Pereira convidou a comunidade guineense na diáspora “a descobrir Cabral”.
“Mencionar Cabral, citar Cabral é a parte mais fácil. É preciso estudar Cabral, encontrar as suas dimensões nas várias vertentes em que contribuiu. Cabral desafiava a todos a atualizarem-no, porque tinha consciência que vivia numa época e seria limitado na projeção que pudesse fazer desse conhecimento”, indicou.
E prosseguiu: “Apesar de ser visto como um ideólogo, ele tinha consciência que as pessoas não nos seguem por gostar da nossa ideologia, mas por acreditarem que, por via dessa ideologia, é possível melhorar a nossa condição de vida”.
Sobre o mote da casa apresentada hoje em Lisboa – a cultura – o presidente do parlamento guineense recordou que, “tendo conhecido outras formulações, Cabral disse que a única arma capaz de verdadeiramente garantir a vitória é a cultura”.
“Só um povo ciente e orgulhoso da sua cultura e disposto a trabalhar para a sua melhoria tem condições de se mobilizar, de lutar e assumir a sua autodeterminação”, concluiu.
A crise política na Guiné-Bissau espoletou-se depois de o Presidente Sissoco Embaló ter decretado a dissolução do parlamento, eleito em junho passado, antes do prazo constitucional para o poder fazer.
Sissoco Embaló considera o parlamento guineense foco de instabilidade no país.
Em seguida, o Presidente demitiu o primeiro-ministro, Geraldo Martins, depois deste recusar formar um Governo de iniciativa presidencial, e nomeou, em substituição, Rui Duarte de Barros, episódios de uma crise que começou a ser desenhada na sequência de confrontos entre militares, nos passados dias 30 de novembro e 01 deste mês.
Sissoco Embaló classificou esses incidentes de tentativa de golpe de Estado.
Os confrontos ocorreram na sequência da detenção de dois membros do Governo acusados de alegada corrupção no pagamento de dívidas do Estado a empresas. A Semana com Lusa
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