O PAICV (oposição) acusou hoje o MpD (poder) da “partidarização da administração pública” cabo-verdiana, transformando-a numa “rede de conveniência e clientelismo”.
“E quando não há cargos para todos os aliados próximos, criam-se novas estruturas, novos fundos e novos’ jobs for the boys’”, denunciou o PAICV, que acusou o MpD de “encher o Estado de familiares e amigos”.
“O partido [MpD] apropriou-se do Estado, transformando-o numa rede de controle, conveniência e clientelismo”, declarou o deputado Carlos Tavares, eleito nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que apresentou a declaração política em nome da sua bancada parlamentar.
O deputado lembrou que o Movimento para a Democracia (MpD) tinha prometido aos cabo-verdianos “ética e um novo modelo de governação”, além de combater o nepotismo, mas que isto “não passou de promessas”.
“Prometeram despartidarizar a administração, mas transformaram-na num prolongamento da sede do MpD”, denunciou o PAICV, acrescentando que o partido actualmente no poder havia prometido “transparência” e que o acesso aos cargos do Estado passaria, em regra, por concursos.
Segundo o parlamentar do PAICV, as nomeações de dirigentes de empresas públicas têm sido feitas com base em “afinidade partidária, amiguismo e compadrio”.
“E quando não há cargos para todos os aliados próximos, criam-se novas estruturas, novos fundos e novos’ jobs for the boys’”, denunciou o PAICV, que acusou o MpD de “encher o Estado de familiares e amigos”.
“O que apresentaram como novo modelo de governação virou modelo de captura do Estado”, lamentou o PAICV.
Para os deputados do maior partido da oposição, “é urgente” que se ponha fim à actual “prática de governar para um grupo e não para todos os cabo-verdianos”.
“O dinheiro público é de todos e deve ser gerido com responsabilidade, transparência e justiça, garantindo que cada município tenha os recursos e o respeito que merece”, concluiu Carlos Tavares.
Por sua vez, reagindo à declaração política do PAICV, a deputada do MpD Edna Oliveira disse que o seu partido “está a cumprir a lei”, recordando que para os cargos de dirigentes superiores o recrutamento é feito por “livre escolha”, ou seja sem concursos.
MpD contra-ataca
O líder da bancada do MpD, Celso Ribeiro, por seu lado, afirmou que a “gestão da coisa pública é preocupação” do Governo seu partido.
Segundo a mesma fonte, o conteúdo da declaração política apresentada por Carlos Tavares acaba por “condenar o líder do PAICV eleito recentemente, Francisco Carvalho”.
“A Câmara Municipal da Praia, liderada pelo actual líder do PAICV, criou 33 unidades orgânicas e colocou à frente os seus militantes”, apontou Ribeiro, ajuntando que estes serviços obrigaram a um “aumento exponencial de 100 mil contos anuais”.
O deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) António Monteiro declarou ter concordado em parte com a declaração política do PAICV, justificando que o que está a acontecer em Cabo Verde “não satisfaz o país e nem traz justiça, nem igualdade de oportunidade para todos os cabo-verdianos”.
“Mas, é uma prática que o próprio o PAICV, durante os 15 anos, teve neste país”, lamentou o deputado democrata cristão, sublinhando que, na altura, o MpD havia criticado esta postura, que hoje está a repetir.
A Semana com Inforpress
Isto Não É Política, É Um Assalto em Turnos
Chega. Sinceramente, já não aguento esta encenação nojenta que se repete como um disco riscado. Ler estas notícias só me dá vómitos de lucidez. Porque, para mim, está cada vez mais claro: o que esses partidos estão a dis******r não é justiça, nem ética, nem moralidade – é quem é que vai sentar-se no lugar de mamar. Só isso.Ver o PAICV vir agora com aquele tom moralista, a acusar o MpD de transformar o Estado numa central de clientelismo, dá-me vontade de rir... ou de chorar. Porque eu lembro-me perfeitamente de como foi quando eles estavam no poder. Também criaram tachos, também encheram a máquina pública com amigos e camaradas. Fizeram o mesmo. Só mudam os nomes e os slogans.
E o MpD, em vez de assumir responsabilidad es, atira com o clássico "mas vocês também fizeram". É este o nível do nosso parlamento: o argumento do recreio, do género “mas ele também fez, então eu posso fazer pior”.
Depois ainda aparece a UCID com aquela postura de “sim, concordamos, mas toda a gente já fez igual”. E eu, cá deste lado, fico a pensar: então para que raio servem vocês todos? Para se revezarem na porcaria? Para se justificarem uns aos outros enquanto o país continua na mesma******?
Porque é isso que está a acontecer. O país continua atolado num sistema podre. A administração pública transformada num curral de interesses. O povo a levar com promessas requentadas enquanto eles criam estruturas, fundos, institutos fantasma, para dar emprego a militantes e familiares. Chamam isso de governar. Eu chamo de assaltar o Estado à luz do dia.
E nós, cidadãos, continuamos a pagar a conta. A pagar impostos para alimentar esta máquina de compadrio. A ver os concursos públicos servirem de fachada. A ver a meritocracia morrer lentamente, sufocada pelo cartão de militante.
Eu já não tenho paciência para esta dança cínica entre PAICV, MpD e companhia. Não há inocentes aqui. Só há turnos no saque. Só há vaidade e ganância. E quem ainda acredita que isto se resolve com eleições está a sonhar acordado. Isto só muda quando nós, como povo, deixarmos de legitimar esta farsa.
Porque isto não é política — é banditismo institucionaliz ado com bandeira e hino. E eu não assino por baixo.
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