O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Nobel 2010 — na quarta-feira em Montevideu, a falar sobre o Brasil (onde a campanha arrancou hoje, segunda-feira 16 e Lula lidera nas sondagens com 49%, muito à frente do recandidato) — disse nessa palestra no vizinho Uruguai, de imediato publicada pelo online peruano ’El Comercio’, que apesar das "palhaçadas" de Bolsonaro escolhê-lo-ia como o mal menor, já que "Lula é o corruptor-mor do escândalo Odebracht que muito mal fez à República Peruana".
"O caso de Bolsonaro é muito difícil", admitiu Vargas, de 86 anos, ao comentar a eleição de outubro próximo no Brasil. "As palhaçadas de Bolsonaro são muito difíceis de admitir para um liberal. Mas entre Bolsonaro e Lula, prefiro Bolsonaro".
Ao intervir no Uruguai na palestra promovida pelo CED-Centro de Estudios para el Desarrollo/Centro de Estudos para o Desenvolvimento, think tank liberal peruano, Vargas Llosa que é um dos intelectuais mais críticos à esquerda latino-americana disse que o ex-presidente Lula (2003-2010) está "muito associado à corrupção".
Factualidades
Todos os chefes de Estado que governaram o Peru entre 2001 e 2018 foram acusados de receber subornos da construtora brasileira Odebrecht: Alan García (que se suicidou em abril de 2019), Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski que estão presos.
O ex-presidente AlejandroToledo (2001-06) que fugiu para os Estados Unidos viria a ser extraditado, em 2019. (Peru recebe extraditados ex-juiz, ex-PR Toledo, um de quatro Presidentes manchados com escândalo Odebrecht, 04.set.019).
Vargas: da esquerda à direita
O esquerdista Vargas do final dos anos de 1950, e até à viragem décadas depois, cumpriu o preceito (George)Bernard-Shawiano de que "o mais normal é aos vinte anos ser jovem socialista".
De admirador de Fidel (na foto), Vargas Llosa tornou-se um dos intelectuais mais críticos à esquerda latino-americana: em 1987 inicia o movimento político liberal contra a estatização da economia, o que ia de encontro ao presidente Alan García.
Em 1990 na corrida presidencial coliga-se com a direita, a FREDEMO-Frente Democrata. Chega à segunda-volta, disputada contra Alberto Fujimori. Derrotado, deixa o seu país e, em 1993, obtém a cidadania espanhola.
Em 2011, o rei Juan Carlos nobilita-o com título hereditário — transmissível aos seus três filhos, havidos do segundo casamento com a prima Patricia Llosa. O primeiro foi com a tia Júlia — irmã da mulher do tio materno — dez anos mais velha e que veio a ser protagonista do romance tornado filme homónimo.
Fotos: Com Fidel, "nos tempos em que fui comunista" como confessou em recente entrevista a uma entrevistadora atónita.
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