sexta-feira, 22 novembro 2024

I INTERNACIONAL

RDC-Holanda: Ntaganda condenado a 30 anos de prisão por crimes de guerra

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O TPI-Tribunal Penal Internacional em Den Hagen condenou, na quinta-feira, 7, Jean-Bosco Ntaganda, o "Terminator", a trinta anos de prisão por "cinco crimes contra a humanidade e treze crimes de guerra", que incluem o recrutamento de crianças-soldados. Os crimes foram cometidos entre 2002 e 2013, anos em que comandou a milícia armada que atuava em Kivu, província do norte da RD Congo.

O veredicto de condenação do miliciano, "senhor da guerra" no Congo e no Ruanda, chega meses depois do início do julgamento, em 8 de julho. Ntaganda estava detido desde 22 março de 2013, dias depois de ter [em 18.3.013] entrado na embaixada americana em Kigala a pedir para ser transferido para o TPI.

Jean-Bosco Ntaganda, nascido no Ruanda em 1973, combateu no Exército Patriótico do Ruanda a partir de 1990, até derrubar o governo hutu em 1994. Anos depois entrou no FPLC, o movimento rebelde congolês. A maior parte das acusações dizem respeito a esses anos na milícia congolesa.

Desde julho, o detido há seis anos respondia por crimes de guerra e contra a humanidade. As acusações iam desde violência contra civis, como os massacres de civis que alegadamente Ntaganda ordenou em Ituri, região diamantífera congolesa, entre 2002 e 2003.

Outras acusações: recrutamento forçado — de crianças menores, com menos de quinze anos —, assassínio, violação e escravatura sexual.

Terminator? Não sou eu

Repórteres no TPI descrevem, impressionados, a frieza e impassibilidade do arguido durante todo o julgamento e até à leitura da sentença.

"Terminator? Não sou eu": Ntaganda recusou assim o "cognome infame" que lhe tem sido atribuído. No tribunal afirmou: "Fui um soldado, não um criminoso".

O líder rebelde foi de facto integrado no exército da RDC, entre 2007 e 2012, e atingiu a patente de general. Mas ao fim desses cinco anos, liderou novo levantamento contra o governo através do grupo rebelde M23.

Inédita condenação por escravatura sexual

Duas mil e duzentas vítimas testemunharam. A sobrevivente Rebecca Unyumbe depôs perante o tribunal que o marido e o filho de um ano morreram durante o ataque liderado por Ntaganda contra a aldeia de Kiwanga, no leste congolês.

"O que está a acontecer com Ntaganda [o julgamento no TPI] devia servir de lição a outros que chegam às nossas aldeias e destroem as nossas vidas", rematou Rebecca, citada pelo site Al-Jazeera.

Os testemunhos de meninas de menor idade e de meninos soldado — que repetiram na Haia o que o "general" lhes disse para incentivá-los: "na guerra todo o soldado ganha uma mulher, sem pagar" — levaram à inédita condenação de Ntaganda por escravatura sexual. É a primeira vez, nos seus dois decénios de história, que o tribunal sediado na Haia profere este tipo de condenação.

Recurso

O condenado recorreu da sentença, soube-se no dia 8, dia seguinte à pronúncia do TPI.

Ele foi o primeiro suspeito de crimes de guerra a entregar-se voluntariamente à justiça do TPI. Foi em 18.3.013 que a audiência global ouviu a porta-voz do Departamento de Estado comunicar a rendição do ex-militar congolês sob mandato internacional do TPI.

Seis anos depois o motivo é revelado: Ntaganda que vivia em Goma, Congo, numa casa a 100 metros da fronteira com o Ruanda, entregou-se para evitar ser morto no seio do grupo de rebeldes em luta pela liderança.

"Confirmo que esta manhã Bosco Ntaganda entrou na embaixada em Kigali", a fim de "ser transferido para o TPI", disse a porta-voz Victoria Nuland. Quer o Ruanda quer os EUA não são signatários do tribunal instituído em 2002 e sediado na capital legislativa holandesa.

"O TPI está demasiado longe das vítimas"

O TPI tem nos seus dezassete anos de existência sido alvo de críticas crescentes. A sua eficácia é baixa, ao contrário do vizinho ICTY- Tribunal Internacional para Crimes contra a Humanidade na ex-Jugoslávia, o tribunal que funcionou entre 1993 e 2017 para julgar cento e sessenta e uma pessoas por crimes durante a guerra da Jugoslávia. Entre os condenados mais notórios do ICTY constam o líder bósnio Ratko Mladic que cumpre pena perpétua; o presidente da autoproclamada República Sérvia Krajina, Goran Hadzić, detido em 2011 (após fugir em 1998) e que aguardava julgamento quando lhe foi diagnosticado um cancro cerebral de que morreu em 2016, aos 57 anos.

O descontentamento com as sentenças do TPI tem crescido nos últimos anos, perante alguns dos suspeitos mais notórios.

Um, o antigo presidente sérvio Slobodan Milošević que, em fevereiro de 2007, o TPI inocentou dos crimes contra a humanidade cometidos durante a Guerra da Bósnia. A absolvição deu-se, apesar de o presidente do tribunal da Haia declarar que "tinha sido dado como provado que (...) Milošević em particular tinha conhecimento dos massacres sobre os bósnios.

Outro, o antigo líder rebelde do MLC-Movimento para a Libertação do Congo e ex-vice-presidente da República Democrática do Congo, Jean-Pierre Bemba — notícia neste online após o TPI mandar arrestar os seus bens, na Europa, e ainda c. duzentos milhões CVE no BPN-IFI (Ex-líder rebelde do RDC tinha 1,7 milhão de euros depositados em Cabo Verde, 30.jul.009).

Bemba foi inocentado e libertado em 21 de junho de 2018, depois de recorrer da sentença de junho de 2016, que o tinha condenado a trinta anos por crimes contra a humanidade e cinco crimes de guerra.

Outro ainda, o antigo presidente ivoirense, Laurent Gbagbo [Holanda: TPI inocenta o ex-presidente Laurent Gbagbo de crimes contra Humanidade, 15.jan.019], que também saiu livre e impune do tribunal da Haia.

Fontes: Le Monde/BBC/AFP/Getty Images/outras referidas

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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
9 days 12 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
11 days 11 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
19 days 10 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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